Título: Conselheiro do governo americano elogia Brasil por redução da pobreza
Autor: Carneiro, Lucianne
Fonte: O Globo, 15/03/2011, Economia, p. 22

O diplomata americano Charles Shapiro, conselheiro sênior de Iniciativas Econômicas para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos Estados Unidos, elogiou ontem a redução da pobreza que o Brasil conquistou nos últimos anos. Segundo ele, o país conseguiu vencer "o teto" de 3% para a expansão da economia e enfrenta hoje a preocupação por crescer demais.

- O Brasil está se saindo muito bem na redução da pobreza. As classes A, B e C estão crescendo rapidamente. É fabuloso, é o que gostaríamos de ver em todos os países - apontou o diplomata, que veio ao Rio para participar da Semana de Infraestrutura Financeira 2011, encontro promovido pelo Banco Mundial e pela International Finance Corporation (IFC).

Shapiro lembrou que, quando visitou o Brasil em 2005, a preocupação era com um crescimento da economia limitado a 3%:

- Obviamente o Brasil descobriu como quebrar este teto. E este ano o Banco Central está preocupado com crescimento demais. É o problema que todos gostariam de ter.

O Brasil, segundo ele, tem conseguido combinar o crescimento econômico com políticas de inclusão financeira, tema que ele tem defendido em seu trabalho no Departamento de Estado, em viagens pela América Latina e pelo Caribe. No país, destacou a força dos agentes bancários - como comerciantes que atuam em locais onde não há bancos -, o amplo uso do cartão de débito e o próprio processo de bancarização da população.

Shapiro preferiu não comentar detalhes da visita do presidente Barack Obama ao Brasil esta semana. O diplomata disse apenas que os Estados Unidos estão aguardando o encontro com grande expectativa.

Em todo o mundo, no entanto, ainda há muito a avançar na área financeira. Peer Stein, gerente sênior de Acesso a Aconselhamento Financeiro do IFC, apontou que 2,5 bilhões de pessoas em países em desenvolvimento não têm serviços financeiros básicos, como contas em banco e cheques.

Debate sobre como melhorar infraestrutura financeira

E a necessidade de financiamento de pequenas e médias empresas ultrapassa US$2 trilhões. Na avaliação de Stein, o incremento da infraestrutura financeira permitirá melhoria no acesso aos serviços financeiros e e na estabilidade do mercado financeiro.

Até quinta-feira, mais de 300 participantes de 92 países e 117 instituições estarão reunidos no Rio para discutir estratégias para a melhoria da infraestrutura financeira no mundo. Na semana passada, entrou em consulta pública o documento "Princípios para infraestrutura do mercado financeiro", do Banco de Compensações Internacionais (BIS).

A expectativa de Marc Hollanders, conselheiro do BIS para Infraestrutura Financeira, é que o documento possa ser lançado no início de 2012. Entre os pontos que devem ser aprimorados, segundo Hollanders, está a incerteza sobre o nível de exposição das instituições financeiras a outras entidades, como ocorreu no caso da seguradora AIG:

- A infraestrutura do mercado financeiro foi bem durante a crise, mas precisamos aumentar a resistência e a robustez das instituições.