Título: Para ver Obama, camisetas e caravanas
Autor: Araújo, Vera
Fonte: O Globo, 18/03/2011, O País, p. 10

Cotistas da Uerj vão saudar presidente

Com cerca de 400 jovens negros e camisas com frases lembrando o slogan da eleição de Barack Obama, "Sim, nós podemos!", entidades brasileiras de defesa dos direitos dos negros querem marcar a visita do presidente americano ao Rio como um ato pela igualdade de oportunidades. Estudantes cotistas da Uerj esperam ver Obama na Cinelândia, no domingo, e entidades esperam que a visita estimule o debate sobre o sistema de cotas no Brasil.

Composto por 18 entidades do setor, o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos dos Negros do Rio (Cedine) preparou uma placa que seu presidente, Paulo Roberto dos Santos, quer entregar pessoalmente a Obama. Em 2008, na campanha de Obama, o conselho chegou a recolher, pelo Brasil, doações para o presidente.

- A vitória dele significou uma vinda de auto-estima para a população negra - diz Paulo Roberto dos Santos.

Enquanto a placa do Cedine trará uma mensagem como "Saudamos orgulhosamente o presidente Obama", a Educafro, outra entidade a preparar ações este domingo, virá com jovens vestidos com camisetas carregando frases - em português e inglês - como "Com ações afirmativas, sim, nós podemos!" e "Se nós podemos, basta abrir oportunidades". Diretor-executivo da Educafro, o frei David Santos conta que a entidade levará jovens para a Cinelândia em ônibus saídos de São Paulo e Minas:

- Também haverá ônibus de várias partes do Rio, como Mesquita e São João de Meriti. Só do Rio já são oito ônibus lotados. Devemos levar à Cinelândia cerca de 400 jovens do país - disse ele, antes de saber que o discurso de Obama deverá ser fechado, como informa Ancelmo Gois em sua coluna.

Haverá ainda a presença de 50 universitários cotistas da Uerj. Os cotistas, escolhidos pelas boas notas e vestidos com as camisetas preparadas pela Educafro, serão cumprimentados por Obama. Frei David destaca a representatividade da visita:

- Obama vem com a família, algo importante porque a família negra brasileira está quebrada, são mães sozinhas e filhos abandonados.