Título: Mantega vê inflação menor este mês
Autor: Freire, Flávio ; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 18/03/2011, Economia, p. 31

Ministro contraria previsão do mercado. Para Tombini, alta vai até agosto BRASÍLIA e SÃO PAULO. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, saiu ontem a campo para engrossar o coro contra a inflação, puxado pela presidente Dilma Rousseff. Ao chegar para trabalhar no edifício-sede da pasta, ele reafirmou que a inflação está em queda e que o IPCA, índice oficial que orienta o sistema de metas, deve fechar o mês de março em torno de 0,45%. Em fevereiro, o índice ficou em 0,8%.

- A inflação está caindo este mês. Deveremos ter um IPCA em torno de 0,45% - disse.

Mas a projeção de Mantega é mais otimista que a do mercado financeiro, que aposta em um IPCA de 0,5% para este mês.

Na avaliação de Mantega, o comportamento da economia está dentro das previsões do governo. Ele destacou que a atividade está desacelerando em alguns setores, embora ainda esteja forte na área de serviços.

O governo vem afirmando, de forma enfática, que a inflação está sob controle. Isso porque, mesmo que a produção nacional apresente desaceleração, o Brasil vem recebendo importações que têm condições de suprir o mercado doméstico sem pressionar os preços. Além disso, acredita que a demanda vai perder fôlego por conta do reajuste menor do salário mínimo e da previsão de corte de R$50 bilhões nos gastos públicos.

Presidente do BC cita alta do petróleo e tragédia japonesa

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse ontem que a inflação deve permanecer em um patamar elevado até o fim de agosto, por conta da inércia herdada de 2010 e de fatores internacionais como a elevação dos preços do petróleo e a tragédia japonesa. Segundo ele, a partir do quarto trimestre, a taxa terá uma tendência declinante em direção à meta de 4,5%.

- Este ano, sabemos que, inicialmente, a inflação acumulada em 12 meses tenderá a permanecer em patamares mais elevados devido à inércia trazida de 2010 e à sazonalidade projetada das taxas de inflação de junho, julho e agosto de 2011. Entretanto, no final do ano, configura-se uma tendência declinante para a inflação, deslocando-se na direção da trajetória de metas - disse o presidente do BC em um discurso durante a posse do novo presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal.

Para Tombini, a dinâmica inflacionária brasileira tem sido impactada por fatores "antigos" - que seriam as incertezas na recuperação da economia global, a concentração atípica de preços administrados e a alta dos custos dos alimentos in natura e serviços - e "novos", maneira como se refere à elevação do valor internacional do petróleo e às consequências do terremoto no Japão. A tragédia, segundo ele, poderá provocar, a curto prazo, uma interrupção momentânea das cadeias de produção e a repatriação de ativos japoneses para financiar a reconstrução do país.