Título: Complexo de Angra terá sala de crise
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 19/03/2011, O Mundo, p. 48

Projeto visa a reforçar simulações de emergência num raio de 50 km

RIO e ANGRA DOS REIS. A Eletronuclear inicia no próximo mês a instalação de um sistema de reforço ao atual plano de emergência das usinas nucleares de Angra 1, 2 e 3, que está em construção. O projeto, desenvolvido pela estatal em conjunto com a a Coppe/UFRJ, prevê a construção de uma "sala de crise", onde serão feitas simulações de situações de emergência em um raio de 50 quilômetros de distância, abrangendo os municípios de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro. A notícia foi antecipada ontem na coluna Negócios & cia, no GLOBO.

- Começamos a trabalhar no projeto há um ano para termos em tempo real o monitoramento de toda a situação ao longo da área onde ficam as usinas - explicou o assistente da Diretoria de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente da Eletronuclear, Eduardo Grand Court.

Além de equipamentos de alta tecnologia, está prevista uma "sala de crise", onde serão simuladas ocorrências de todos os tipos. A Eletronuclear já conta com um simulador de acidentes nas usinas de Angra, onde os operadores são treinados constantemente para eventos como a falta de refrigeração do reator e o não funcionamento dos geradores a diesel - problemas que ocorreram nas usinas de Fukushima.

Câmara da cidade debate segurança nas usinas

Segundo o executivo, o novo sistema será integrado aos órgãos municipais, estaduais e federais, e a previsão é de que sua instalação demore 12 meses.

- Esse novo sistema de monitoramento é um reforço ao plano de emergência, mas a população precisa se conscientizar e participar mais das simulações - alertou Court.

Em Angra, os 12 vereadores da Câmara Municipal aprovaram por unanimidade a convocação de uma sessão especial para debater a segurança nas usinas nucleares no próximo dia 19. Representantes da Fundação Eletrobrás de Assistência Médica (Feam), técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e agentes da Defesa Civil Estadual e Municipal, além da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e engenheiros do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) devem participar dos trabalhos.

O presidente da Casa, José Antônio Gomes, lembrou que a população angrense passou a se preocupar ainda mais após a crise nuclear no Japão - e reconheceu que os moradores do município não saberiam como proceder diante de um acidente nuclear, tendo que aprender os possíveis planos de evacuação e rotas de fuga.

Uma das preocupações dos moradores é com a Rodovia Rio-Santos, a única via de escoamento no caso de uma catástrofe. Além disso, em junho de 2008, pequenos tremores de terra ocorreram na região e, à época, pesquisadores do Observatório Nacional chegaram a instalar sismógrafos em vários pontos da cidade - sem qualquer relato conclusivo sobre as causas dos abalos. Segundo o pesquisador responsável pelo trabalho, Jorge Luis de Souza, os equipamentos permitiam apenas fazer o monitoramento da atividade sísmica.