Título: Dilma critica gestão da Saúde
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 23/03/2011, O País, p. 3

Ao lançar programa contra o câncer, presidente diz que mais de 50% dos mamógrafos no país têm problemas

De forma indireta, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, criticaram ontem a gestão na área de saúde do governo anterior. Sem citar os nomes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do antigo titular da pasta, José Gomes Temporão, Dilma disse, ao lançar em Manaus um programa de prevenção e tratamento de câncer de colo de útero e de mama, que, dos quatro mil mamógrafos que existem no país, grande parte deles está quebrada ou sendo subutilizada.

Cercada por celebridades, além de senadores e governadores de três estados do Norte, a presidente disse ainda que os aparelhos foram mal distribuídos pelo país. Aproveitou para anunciar que o programa terá investimento de R$4,5 bilhões até 2014. Na mesma linha crítica, Padilha chegou a dizer que os equipamentos que estão nas redes públicas de saúde têm baixa produtividade.

- Dos quatro mil mamógrafos, dois mil estão na rede pública. Temos que entender por que esses mamógrafos não estão dando conta do serviço. Mas acho que são três os problemas. Primeiro, porque podem estar concentrados mais numa região do que na outra, e aqui no Amazonas pode ser um caso. No segundo, estão quebrados. E, no terceiro caso, estão senso subutilizados - disse Dilma Rousseff, para quem falta ao governo federal instalar serviços especializados em diferentes regiões do país.

Força-tarefa terá estados e cidades

Para resolver o problema, o governo decidiu criar uma força-tarefa envolvendo Ministério da Saúde, estados e municípios para coordenar e supervisionar o trabalho de vistoria dos mamógrafos em todo o país.

O ministro Alexandre Padilha reclamou que mais de 50% dos mamógrafos espalhados pelo país não funcionam ou têm baixa produtividade. Em coletiva à imprensa, ele chegou a garantir que os equipamentos estarão disponíveis até para comunidades ribeirinhas, que enfrentam dificuldade de acesso ao sistema público de saúde.

- Teremos mamógrafos até em barcos - assegurou Padilha.

Pouco antes, no palco do Teatro Amazonas, ao lado de Dilma Rousseff, ele disparou:

- Parte grande dos mamógrafos no país não está em funcionamento ou está em manutenção. E, desses em manutenção, 50% têm baixa produtividade. Se esse problema fosse resolvido, poderíamos atender mais as mulheres - disse ele, que aproveitou para anunciar investimentos em programas para precaver ou atender vítimas dessas doenças.

Maior incidência de câncer no Norte

Até 2014, o governo federal pretende investir R$4,5 bilhões, sendo R$1,15 bilhão já neste primeiro ano do governo Dilma. Ele também assegurou a criação de mais 59 centros de confirmações diagnósticas. A Região Norte do país é a que apresenta o maior volume de incidência de câncer de colo de útero do país, estando o Pará no topo do ranking. Amazonas aparece em segundo. Um dado alarmante foi apresentado pelo ministro:

- O risco de morte por câncer do colo do útero na Região Norte é duas vezes e meia maior que no restante do país.

Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que, este ano, o país terá aproximadamente 18,5 mil novos casos de câncer de colo do útero e 49,2 mil de câncer de mama. Em 2008, segundo dados que constam do Sistema Nacional de Informação sobre Mortalidade, 4.873 mulheres morreram em decorrência do câncer no colo do útero. Já em relação ao tumor na mama, o número de mortes naquele período foi de 11.813.