Título: O pré-sal é da Petrobras
Autor: Guedes, Julio
Fonte: O Globo, 23/03/2011, Opinião, p. 7

A Petrobras, que nasceu em 1953 com objetivos políticos pelas mãos do então presidente da República Getúlio Vargas, se qualificou ao longo dos anos e mostrou aos críticos e ao mundo a sua capacidade de superação. A primeira delas foi provar a veracidade do relatório do geólogo americano Walter Link, contratado pela empresa para avaliar a geologia do petróleo no Brasil.

De 1961 a 1964, a Petrobras foi "obrigada" a fazer perfurações em áreas que Link havia considerado como não apropriadas, e gastou milhões em perfurações que nunca produziram nenhum petróleo comercial. As perfurações marítimas que Link relatara antes de 1961 só começaram em 1968. Logo no segundo poço perfurado no mar, o petróleo apareceu. Hoje, mais de 85% da produção e mais de 95% das reservas brasileiras de petróleo são marítimos. Nesse contexto, as conclusões do Relatório Link emergem, em sua grande maioria, como corretas.

Além disso, o geólogo trouxe à Petrobras outras boas práticas, que são perpetuadas até hoje e estão presentes em cada um dos muitos êxitos registrados pela estatal, entre elas a importância de se investir no treinamento e na capacitação dos profissionais, o apoio à transferência e ao desenvolvimento de tecnologia de ponta, e a padronização dos procedimentos técnico-administrativos.

A Petrobras domina hoje todo o conhecimento na área, sem precisar de ajuda externa. Se há algumas décadas o desafio era explorar petróleo a cem metros de profundidade, hoje, está abaixo de 2.700 metros (na camada pré-sal). E a Petrobras, graças à força do seu quadro profissional e técnico, tem experiência suficiente para dar ao Brasil a exclusividade na exploração do pré-sal .

Longe do interesse meramente político, a exploração do pré-sal pode colocar o Brasil entre os países que possuem as maiores reservas de petróleo do mundo. Estima-se que a produção em Tupi chegará a 100 mil barris por dia. De acordo com a empresa, o percentual de petróleo oriundo de águas profundas no mundo, atualmente na casa dos 7%, chegará a 10% até 2020. A Petrobras e o Brasil serão preponderantes para tanto.

Os brasileiros têm, sim, razões para ter orgulho da empresa que se tornou uma das maiores impulsionadoras do nosso crescimento. O petróleo é nosso, e a Petrobras também. Melhor assim!