Título: Usinas Jirau e Santo Antônio decidem hoje volta às obras
Autor: Ordoñez, Ramona; Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 23/03/2011, Economia, p. 27

Camargo Corrêa e Brasil Sustentável discutem condições

RIO e BRASÍLIA. O reinício das obras das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, está cercado de incertezas. Santo Antônio só decide se retoma as atividades após assembleia dos trabalhadores, a ser realizada hoje. Jirau está à espera de uma reunião, também hoje, da Camargo Corrêa com o consórcio Energia Sustentável do Brasil, responsável pela obra, para discutir como será a volta gradual das atividades. A Camargo Corrêa quer ainda esperar a retomada das obras de Santo Antônio, o que demonstraria o fim das tensões trabalhistas.

As obras de Jirau foram suspensas no último dia 15, devido a conflitos envolvendo trabalhadores, com queima de ônibus e destruição de vários galpões.

O presidente do consórcio Energia Sustentável, Victor Paranhos, disse que a única empresa que ainda não retomou as atividades é a Camargo Corrêa, que contratou o maior número de operários, cerca de 18 mil, e teve boa parte de suas instalações destruída.

- Eles (a Camargo Corrêa) estão inseguros enquanto Santo Antônio não voltar, pois é o mesmo sindicato - disse Paranhos, acrescentando que vai levar algum tempo até que as obras em Jirau retornem à normalidade.

Procurador quer acompanhamento em Jirau

Paranhos reafirmou que, até o início dos conflitos, a empresa não recebera qualquer reivindicação dos trabalhadores. Ele disse ainda que cerca de mil operários estão realizando as obras do vertedouro da usina, para permitir que o desvio do rio seja feito entre junho e agosto, quando a vazão das águas é menor. Outros 200 estão fazendo a manutenção do canteiro de obras.

Já o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Rondônia, Altair Donizete, afirmou que as obras em Jirau serão retomadas após autorização do Ministério Público do Trabalho (MPT). Sobre Santo Antônio, ele disse que os operários exigem melhores condições de trabalho. Uma das reivindicações é a antecipação da data-base. Donizete ainda citou uma distribuição de panfletos estimulando a paralisação. Segundo ele, a Força Sindical seria a autora da campanha, com o objetivo de retomar a influência sobre o sindicato, filiado à CUT.

O MPT quer que a Superintendência Regional do Trabalho mantenha pessoal em Jirau, disse o procurador-geral do órgão, Francisco Cruz. O objetivo é manter boas condições de segurança e saúde dos empregados. Isso também permitiria detectar rapidamente focos de perturbação. Segundo Cruz, o MPT também precisa ficar atento com Santo Antônio.