Título: Ministério da Saúde só reconhece 18 casos na Região Norte
Autor: Alves, Maria Elisa
Fonte: O Globo, 24/03/2011, Rio, p. 13

SÃO PAULO. Segundo o Ministério da Saúde, do início do ano a 26 de fevereiro, já foram confirmados pacientes com dengue 4 nos estados do Amazonas (11 casos), Pará (3) e Roraima (4).

O ministério só considera confirmados casos que tenham passado por análise no Instituto Evandro Chagas e, por isso, ainda não contabilizou os pacientes com vírus tipo 4 registrados no Rio e também na Bahia e no Piauí.

O vírus 4 não é mais agressivo que os demais, mas preocupa porque grande parte da população brasileira não está imune a ele. O vírus ficou sem circular no Brasil por 28 anos e, em julho do ano passado, foram registrados dez casos em Roraima. Desde janeiro, foram mais 18 casos.

"Devido ao longo período sem circulação, há milhões de brasileiros (especialmente crianças, adultos e jovens) sem imunidade contra esse sorotipo. A ausência de imunidade ao DEN-4, associada à ocorrência de epidemias anteriores por outros sorotipos virais aumenta a possibilidade de ocorrência de casos graves de dengue", diz o Ministério da Saúde, em nota.

Pessoas que já tiveram dengue de um dos outros tipos -1, 2 ou 3 - podem pegar a dengue 4 e desenvolver a doença de forma grave.

Segundo o ministério, a dengue tipo 1 era a que mais tinha infectado os brasileiros de 1º de janeiro até 26 de fevereiro (82%), seguida do tipo 2 (11%). O tipo 4 infectou 5,4% e o tipo 3, 1,8%. Os sintomas são iguais em todos os tipos: dores de cabeça, no corpo, nas articulações e atrás dos olhos, febre, diarréia e vômito.

O ministério aguarda a conclusão dos testes nas amostras da Bahia e do Piauí para analisar o comportamento e a origem do vírus, que circula em outros países da América Latina, sem provocar epidemias.

O governo federal orientou às secretarias estaduais e municipais de saúde que tiveram casos suspeitos de dengue tipo 4 a reforçar as ações de controle ao mosquito Aedes aegypti. O chefe do Laboratório de Virologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Celso Granato, afirmou que apesar do número de casos no Brasil ser pequeno, há motivos para preocupação:

- Preocupa pelo fato de que começou com Roraima, e agora tem casos no Piauí e na Bahia. O número é pequeno, mas pelo visto ele está se disseminando E a gente tem todas as condições de a doença se espalhar, porque temos muitos mosquitos e muita gente suscetível.