Título: Confronto político com Planalto selou destino
Autor: Carneiro, Lucianne ; Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 26/03/2011, Economia, p. 31

BRASÍLIA. As opções de negócios de Roger Agnelli vinham desagradando ao governo, mas foi a queda de braço política que ele travou com o Executivo que selou seu destino. Nos bastidores do Planalto e do PT, as declarações de Agnelli nas eleições presidenciais de que muita gente estava "procurando cadeira" e de que os rumores sobre a mudança no comando da Vale com a vitória de Dilma Rousseff eram "jogo político" tornaram a sua permanência insustentável.

No segundo mandato de Lula, o governo queria que a Vale adequasse seus projetos a um modelo desenvolvimentista para o país, de mercado interno forte e exportações com maior valor agregado - o que significaria investir pesado em siderúrgicas.

- Não existe cargo vitalício. Nas eleições, Roger chegou a criticar o PT. Ele é que quis politizar a gestão. Tanto que chamou os partidos de oposição para garantir a sua permanência - disse ontem o líder do PT, deputado Paulo Teixeira (SP).

Agnelli ainda era visto como uma "personalidade vaidosa e autocentrada", como definiu um integrante do governo. Irritava o Planalto o fato de Agnelli, graças aos fortes lucros da Vale, considerar-se um executivo acima do bem e do mal, que não precisa ouvir os demais acionistas.

- Ele passou a achar que era dono da empresa - disse um interlocutor do governo.