Título: Motolâncias fora de uso em vários estados
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Globo, 27/03/2011, O País, p. 10

FRAUDES NO SUS

SÃO PAULO. O programa de motolâncias do Ministério da Saúde (motocicletas equipadas para prestar primeiros socorros) tornou-se em muitos municípios o retrato do desperdício de recursos públicos. Falta de equipamentos médicos e de segurança, demora no treinamento dos motociclistas e atraso na contratação de seguro têm deixado as motos paradas em prefeituras de vários estados.

Dois anos e três meses após o lançamento pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a conta do desperdício surpreende: de 400 veículos adquiridos, 296 estão encostados. A frota, acomodada em depósitos e garagens de prefeituras, está avaliada em R$4,4 milhões, 75% do que foi gasto na compra dos veículos.

Em novembro passado, O GLOBO noticiou que o sistema de fiscalização apontava que muitas motolâncias haviam sido entregues sem equipamentos como desfibrilador e cilindro de oxigênio. Consulta feita pelo jornal semana passada a dez prefeituras constatou que os problemas são maiores.

As motolâncias foram incluídas na frota do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. São acionadas em casos de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) ou traumas graves em acidentes para fazer o primeiro socorro e adiantar o atendimento para as ambulâncias, diminuindo as possibilidades de óbitos e sequelas. Conseguem chegar em até metade do tempo da ambulância.

Em cidades onde poderia fazer a diferença, o serviço está praticamente inoperante. Em sete dos dez municípios ouvidos pelo GLOBO (São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Vitória, Brasília, Salvador e Niterói - a cidade do Rio não aderiu) há motocicletas paradas. Somente Recife, Fortaleza e Manaus informaram que estão com todas as unidades funcionando.