Título: Presidente assistiu a É proibido fumar
Autor: Fernandes, Diana
Fonte: O Globo, 27/03/2011, O País, p. 15

BRASÍLIA. Uma das cineastas presentes ao encontro com Dilma Rousseff na noite de anteontem, Ana Carolina se surpreendeu com a presidente e fez questão de declarar isso à própria. Sobre o que a classe pode tirar do encontro, agendado como um dos pontos altos das comemorações que Dilma promoveu no Mês Nacional da Mulher, Ana Carolina disse:

- Ela abriu o espaço e ofereceu estrutura para uma verdadeira política cinematográfica. Agora depende de a gente fazer uma pauta e empurrar para o governo.

Antes da sessão do filme "É proibido fumar", de Anna Muylaert, no cinema reformado do Palácio da Alvorada, a presidente fez um discurso informal, reafirmando a força da mulher, em especial nas artes, e garantindo que pretende repetir encontros como aquele.

- Nosso país tem fome de muita coisa. Tem aquela fome básica, que trabalhamos todos os dias no governo para erradicá-la, mas tem outras e uma delas é a fome de cultura. Temos que saciar também essa fome de cultura tanto nas classes média e alta como nas populares. É obrigação do presidente da República acolher e dar maior visibilidade a todo movimento cultural - afirmou a presidente.

Carla Camurati brinca sugerindo "festa do pijama"

Após a exibição do filme, rumo ao salão de jantar, as mulheres ficaram mais à vontade, e a tietagem correu solta. Flashs pipocavam por todos os lados. Glória Pires, protagonista de "É proibido fumar", estava acompanhada da filha Antonia e mereceu todas as atenções da presidente. O clima era tão descontraído que Lucélia Santos, enquanto era servido o jantar, brincou:

- Está tão bom que a gente podia ficar para dormir, né?

Mais tarde, foi a vez de Carla Camurati:

- Da próxima vez vamos fazer a festa do pijama.

Anna Muylaert era pura felicidade e provocou os colegas cineastas homens:

- Eles vão querer uma festa desta também. Vai ser a noite da cueca.

Muitos sorrisos e beijos foram distribuídos pela presidente Dilma ao longo da noite. Ela ouviu muito e prometeu avaliar cada uma das demandas. Mas, com sua já conhecida tática de não falar o que ainda não pode, não se comprometeu com alguma medida imediata.

Muito menos tratou sobre política e economia. Muitas vezes provocada, nada disse sobre a troca de mando na Vale, a ausência de Lula no almoço para Barak Obama e muito menos sobre o que conversou com o presidente americano na tarde da sexta-feira e sobre a repercussão da mudança de postura do Brasil em relação ao Irã.

- Que isso, meninas? Não vamos falar dessas coisas. A noite hoje é do cinema e das mulheres - desviava.