Título: Novo atestado de Jaqueline Roriz é rejeitado pela Câmara
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Fonte: O Globo, 29/03/2011, O País, p. 4

BRASÍLIA. A defesa da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) vai insistir na tese de que o vídeo em que ela é flagrada recebendo maços de dinheiro é de 2006, ou seja, anterior ao mandato atual na Câmara, e não pode servir de base para cassar seu mandato por quebra de decoro parlamentar.

Ontem, a Terceira Secretaria da Casa rejeitou um novo atestado apresentado na última quinta por assessores de Jaqueline, informando que ela está sob forte estresse. O atestado não continha prazo determinado de licença. A assessoria de Jaqueline afirmou "estranhar" o rigor excessivo em relação aos atestados apresentados por ela.

Ontem, o advogado de Jaqueline, José Eduardo Alckmin, admitiu que poderá até recorrer ao Supremo Tribunal Federal caso o Conselho de Ética insista em desconsiderar que as denúncias contra sua cliente ocorreram no passado. Alckmin entrega hoje uma defesa preliminar ao relator do caso no conselho, Carlos Sampaio (PSDB-SP), antes mesmo da notificação formal de Jaqueline.

- Uma das questões que se pode discutir é ser um fato anterior e fora do mandato. Se necessário for (recorrer à Justiça), sim, recorreremos. Está é uma casa política, isso me preocupa muito. Cassação de mandato, por fundamento político, por fato ocorrido antes. O vídeo impressiona, mas há instâncias apropriadas para ser julgado e, se for o caso, punido. A civilização estabeleceu regras. Punir a qualquer custo não é o caminho - argumentou Alckmin.

Jaqueline foi flagrada, ao lado do marido, Manoel Neto, recebendo R$50 mil de Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção do governo do Distrito Federal. O vídeo foi gravado quando ela era candidata a deputada distrital. Em nota, Jaqueline disse ter recebido recursos "não contabilizados" para a campanha.

Ontem, os advogados de Jaqueline pediram que a Corregedoria da Câmara arquive a sindicância aberta contra ela para investigar as denúncias de recebimento de Caixa 2 na campanha. No texto entregue ao corregedor, Eduardo da Fonte (PP-PE), Alckmin não entra no mérito das denúncias. Apenas argumenta que o propósito da corregedoria é dar subsídios à Mesa da Câmara sobre a denúncia. O corregedor irá analisar os argumentos da defesa.

Desde que o vídeo foi divulgado, no último dia 4, a deputada Jaqueline não aparece na Câmara. No dia 14, ela divulgou nota informando que entrara com atestado para licença médica de cinco dias. O segundo atestado, segundo assessores da deputada, é assinado por um médico psiquiatra de São Paulo, mas o nome não foi divulgado.