Título: Fábrica de armas saqueada no Iêmen
Autor: Eichenberg, Fernando
Fonte: O Globo, 29/03/2011, O Mundo, p. 24

SANAA. Enquanto se arrastam as negociações para que o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, deixe o poder atendendo às exigências de manifestantes, uma explosão acidental numa fábrica de munição na cidade de Khanfar, no sul do país, matou pelo menos cem pessoas e colocou a região em alerta. O acidente, aparentemente provocado por uma guimba de cigarro, ocorreu um dia depois de confrontos violentos entre ativistas islâmicos armados e militares.

A fábrica ¿ que produz, além de munição, fuzis Kalashnikov e explosivos ¿ foi invadida no domingo pelo grupo Jihad Salafista e, em seguida, saqueado por moradores ¿ aumentando os temores de que os confrontos futuros serão ainda mais violentos na região. ¿

(Os saqueadores) fugiram com dois carros blindados, um tanque, várias picapes com metralhadoras e munição ¿ contou Hakim Mohamed.

O vice-governador da província de Abyan, Saleh al-Samti, culpou o governo federal pela tragédia, dizendo que foi um resultado da desordem causada pela repressão das forças de segurança.

Pelo menos 27 pessoas estão feridas gravemente, e médicos descreveram cenas de horror diante de corpos carbonizados e da dificuldade de identificá-los. Testemunhas contam que algumas vítimas, incluindo mulheres e crianças, seriam enterrados em uma cova coletiva.

Repressão síria em Deraa DAMASCO. Com pelo menos 60 mortes registradas na cidade, manifestantes voltaram a se reunir ontem no centro da cidade de Deraa, no extremo sul da Síria. Forças de segurança fizeram disparos para o alto para dispersar a multidão que, além de pedir o fim da lei de emergência no país, pedia liberdade e dignidade. Não há relatos de violência, mas testemunhas contam que após os disparos, a multidão, que havia dispersado, retornou à praça da cidade, desafiando a autoridade da polícia.

Na quinta-feira, a conselheira política do presidente Bashar al-Assad prometeu que o país suspenderia a lei de emergência em vigor desde 1963. Ontem, foi a vez do vice-presidente sírio, Farouq al-Shara, afirmar que Assad fará "um importante pronunciamento à nação" nos próximos dias.

Bahrein nega ação do Kuwait MANAMA. O ministro das Relações Exteriores do Bahrein, Khaled bin Ahmed bin Mohammed al-Khalifa desmentiu ontem, através do Twitter, que seu país tenha aceitado qualquer proposta de mediação do Kuwait para um acordo entre grupos de oposição xiita que pede reformas e a monarquia sunita.

Além de reprimir com violência atos públicos, o país adotou a lei marcial e, desde o início do mês, tem ainda o apoio de tropas da Arábia Saudita para tentar conter protestos populares. Segundo a oposição xiita, desde então 250 pessoas foram detidas e outras 44 estão desaparecidas.