Título: PT e ministra fazem coro contra Bolsonaro
Autor: Weber, Demétrio; Éboli, Evandro; Jungblu, Cristian
Fonte: O Globo, 02/04/2011, O País, p. 4

, e BRASÍLIA. A liderança do PT na Câmara aderiu ao movimento contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), acusado de racismo e homofobia por causa de declarações a um programa de TV. Ontem, o líder petista na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), divulgou nota em que repudia as declarações, classificando a conduta de Bolsonaro como deplorável.

Em outra frente, a ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, disse que a fala do deputado foi racista. Ela aproveitou para relativizar o direito à imunidade parlamentar para expressar opiniões, lembrando que a Constituição define o racismo como crime inafiançável e imprescritível.

- O caso efetivamente está provocando muita reação e mostra que existe um repúdio da sociedade com esse tipo de atitude racista. Ao mesmo tempo, coloca para a Câmara a oportunidade muito boa de mandar uma mensagem para a sociedade, contrária a toda e qualquer tipo de declaração racista por um de seus membros. Espero que os deputados respondam à altura dos avanços que a sociedade já obteve no combate ao racismo - disse. - Liberdade de expressão, todos sabemos o que é. Como entendemos perfeitamente o que a Constituição considera crime de racismo.

A nota do líder do PT condenou as declarações feitas por Bolsonaro, manifestando apoio às seis representações contra o deputado já enviadas à Corregedoria e ao Conselho de Ética da Câmara. Uma sindicância investigará se houve quebra de decoro. "Suas declarações demonstram um total desrespeito à condição de representante de todos os cidadãos e cidadãs brasileiras e, em especial, do povo do Rio de Janeiro, já que em seu dia a dia faz comentários jocosos e estereotipados a respeito das mulheres, negros, homossexuais e militantes dos direitos humanos e pela democracia em geral", diz a nota.

"Não vou discutir promiscuidade"

Na entrevista ao programa "CQC", da Band, o deputado respondia a perguntas gravadas. A cantora Preta Gil quis saber o que Bolsonaro faria se um filho dele se apaixonasse por uma negra. O deputado respondeu: "Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco, porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu".