Título: IGP-M perde fôlego em março
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 31/03/2011, Economia, p. 23

Inflação do aluguel é de 0,62%

SÃO PAULO. Depois da alta de 1% em fevereiro, o Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), desacelerou em março e fechou o mês com variação de 0,62%, a menor taxa desde julho do ano passado. A queda, puxada pela redução dos preços no atacado, especialmente das commodities agrícolas, deve se manter nos próximos meses, na avaliação do economista Salomão Quadros, responsável pelo índice da FGV. No acumulado de 12 meses, o IGP-M também apresentou pequeno recuo - de 11,3%, em fevereiro, para 10,95% em março. No ano, o indicador, que serve de referência para o reajuste dos contratos de aluguéis, sobe 2,43%.

- Os sinais de que a desaceleração está em curso estão aparecendo, embora ainda muito lentamente - disse Quadros, referindo-se à menor variação nos preços das matérias-primas agrícolas, cuja alta passou de 2,97% em fevereiro para 0,61% agora.

De acordo com o economista da FGV, se as condições atuais permanecerem (queda do Índice de Preços ao Produtor Amplo, que responde por 60% do IGP-M, e que reúne os produtos agropecuários), a desaceleração tenderá a ser mais intensa e frequente nos próximos meses. Segundo ele, a alimentação continuará cara este ano, mas o aumento dos preços das commodities poderá ser um pouco "mais suave" que no ano passado. Ele alerta, no entanto, para o comportamento dos preços de alguns produtos in natura como o tomate, que teve alta de 16,90% em fevereiro e de 26,27% em março, e da batata-inglesa, que saltou de alta de 4,91% para 17,40%. Com o crescimento menor dos preços dos alimentos no atacado, Quadros acredita que os serviços poderão assumir o papel de vilão que os alimentos in natura vêm desempenhando ao longo do tempo. Quadros observa que o movimento de redistribuição da renda, que equivale a um aumento permanente da demanda por serviços, tende a tornar os preços dos serviços mais resistentes a quedas.

- Por conta desse aquecimento da economia, a inflação poderá trocar de vilão. Pode sair da alimentação e passar para serviços - disse Quadros.

Para o economista, a argumentação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que a alta da inflação se deve principalmente ao aumento dos preços dos serviços, consequência de uma mudança estrutural na economia, não pode ser um impedimento para que a taxa convirja para a meta de 4,5%. (Lino Rodrigues)