Título: Avaliação da gestão Dilma bate as de Lula e FH
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 02/04/2011, O País, p. 12

Pesquisa do Ibope se refere ao primeiro trimestre de governo; maioria diz que administração dela é igual à anterior

BRASÍLIA. Em seu primeiro trimestre de governo, Dilma Rousseff repete o desempenho favorável de seu antecessor e inicia sua gestão com 73% de aprovação da população, semelhante ao resultado obtido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de 2003 (75%). Um índice semelhante de brasileiros, 74%, afirma confiar na presidente. Os primeiros 90 dias do governo de Dilma foram avaliados como ótimo e bom por 56%, percentual maior do que o de Lula em seu primeiro mandato, em 2003, que obteve 51% , e de Fernando Henrique, com 41%, em março de 1995.

Os números são da primeira pesquisa do Ibope feita para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre o atual governo. A consulta confirma que Dilma, assim como Lula, tem aprovação maior nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, onde foi mais votada.

Para 64% dos entrevistados, o governo de Dilma é igual ao de Lula. Apenas 12% responderam que Dilma governa melhor que Lula e outros 13%, que governa pior. Em relação ao estilo de governar dos dois, 40% avaliaram que a diferença é pouca e outros 39% que não existe diferença; para 14% a diferença é grande.

O governo Dilma foi mais bem avaliado que o de Lula, no igual período de seu primeiro mandato ( 56% a 51%), mas em março de 2003, o índice de confiança em Lula era maior: 80% contra 74% de Dilma agora. Para o gerente-executivo de Política de Avaliação e Desenvolvimento da CNI, Renato da Fonseca, quando Lula assumiu, havia incerteza em relação ao governo e à economia, mas a aprovação se refletia em seu carisma, maior do que o de Dilma.

Saúde e segurança pública têm baixa avaliação

Se herdou a alta popularidade do governo Lula, Dilma levou também os problemas da gestão na qual era ministra: a má avaliação do desempenho do governo nas áreas de saúde e segurança pública, e na política de impostos. A falta de bom atendimento na saúde e alta carga tributária levaram 53% dos entrevistados a reprovar as políticas para os dois setores. No caso da área de saúde, 41% dos entrevistados aprovam as políticas e, em relação aos impostos, apenas 36% aprovam. Ou seja, metade dos entrevistados está insatisfeita com o desempenho do governo nestas duas áreas.

Já em relação à segurança, a desaprovação é de 49%, contra 44% de aprovação. Os entrevistados, no entanto, reconheceram melhora nas políticas de educação. Segundo a pesquisa, 52% aprovam o que está sendo feito por Dilma e 43% desaprovam. Mas as duas áreas de maior aprovação nos 80 dias de governo foram a de combate à fome e à pobreza, com 61% de aprovação, e de combate ao desemprego, com 58%. Sucesso também em relação à política de meio ambiente, com 54% aprovando-as.

Para 48% dos entrevistados, o governo vem acertando no combate à inflação, mas 42% desaprovam as medidas. O fantasma da volta da inflação também preocupa a população: embora 44% dos entrevistados digam que o combate à inflação deve ter a mesma prioridade que outras políticas do governo, 40% deles defenderam como ação prioritária. Para Renato da Fonseca, problemas como segurança e saúde já eram apontados na pesquisa feita em dezembro, antes da posse de Dilma, como mais prioritários que o combate à inflação.

A primeira pesquisa sobre o governo Dilma mostrou que entre 11% e 14% dos entrevistados, em diferentes respostas, ainda não têm opinião formada sobre a gestão da atual presidente, algo considerado normal, já que está no início de governo. A confiança em Dilma é um pouco maior entre os homens (76% homens e 72% mulheres). As mulheres são maioria entre os indecisos. A pesquisa foi realizada entre os dias 20 e 23 de março, com 2002 eleitores acima de 16 anos e em 141 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

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