Título: Tipo de iodo é insalubre, mas tem vida curta
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Fonte: O Globo, 31/03/2011, O Mundo, p. 33

Ambientalistas temem que radioatividade afete seres marinhos TÓQUIO. A contaminação do mar pela radiação que vaza da central nuclear de Fukushima voltou a causar preocupação ontem, depois que autoridades japonesas disseram que o nível de iodo radioativo 131 está 3.355 vezes acima do limite máximo a cerca de 270 metros da usina. Altamente prejudicial à saúde humana ¿ onde pode se acumular na tireoide e causar câncer ¿ essa forma de iodo, porém, tem meia vida curta (tempo que permanece radioativo), de oito dias. No entanto, ambientalistas temem que a radiação afete moluscos, crustáceos e outras formas de vida marinha. É muito difícil avaliar de imediato o impacto da radiação no mar. Embora o grande volume de água contribua para diluir a concentração de material radioativo, é impossível saber se animais e algas foram afetados e se isso representa uma ameaça ao consumo de frutos do mar. Um peixe contaminado junto à costa japonesa poderia ser pescado em outros países. Especialistas por enquanto consideram improvável que isso aconteça. As autoridades japoneses reconhecem que ainda estão longe de resolver a crise nuclear em Fukushima. O porta-voz da agência nuclear japonesa, Hidehiko Nishiyama, disse que a pesca está proibida em todo o litoral afetado. O governo do Japão aceitou a ajuda de especialistas americanos e franceses, para solucionar os vazamentos, que já duram três semanas. Há suspeitas de que milhares de litros de água possam ter sido contaminados na central. Um engenheiro nuclear americano disse que o núcleo do reator dois pode ter derretido e contaminado um depósito de água no subsolo da central nuclear. A informação ainda não foi confirmada. Para o porta-voz do governo, Yukio Edano, é impossível dizer agora quanto tempo levará para por fim aos vazamentos. O médico americano Robert Peter Gale, que trabalhou com autoridades soviéticas no desastre de Chernobyl, disse que a atual contaminação das áreas próximas à usina por iodo 131 e césio 137 é uma preocupação maior do que a pequena quantidade de plutônio detectada no solo. Uma análise publicada ontem na revista científica "Nature" disse que embora traços de material radioativo de Fukushima já tenham sido detectados em quase todo o Hemisfério Norte, por enquanto, eles não representam uma ameaça para outros países. De acordo com a análise, o perigo é grande para a região próxima à central nuclear.