Título: População idosa triplica até 2050
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 07/04/2011, Economia, p. 22

Banco Mundial aponta ganho extra de 2,5% no PIB com mais jovens hoje

O progressivo envelhecimento da população brasileira e redução na taxa de natalidade devem gerar novos desafios para os gastos públicos com previdência e saúde, aponta um estudo divulgado ontem pelo Banco Mundial em um evento na sede do BNDES, no Rio. A população brasileira com mais de 60 anos deve triplicar até 2050, quando o país contará 65 milhões de idosos para uma população estimada em 217 milhões de pessoas.

Com isso, os gastos previdenciários tendem a subir de 11,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para cerca 16% do PIB em 2050, caso se repita neste período o crescimento de 3,25% do PIB registrado no país desde 1970. Na saúde, as despesas passariam de 4,3% para 6,1% do PIB.

Por enquanto, o país está vivendo o chamado "bônus demográfico" - fenômeno quando a força de trabalho de um país é um muito maior do que sua população dependente. Essa situação tem o potencial de elevar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de riquezas produzidas no país) em 2,48% ao ano de 2010 a 2045.

- O país pode assim aumentar seu PIB per capita em dois 2,48 ponto percentuais ao ano, entre 2010 e 2045, somente por causa deste bônus - afirmou Michele Gragnolati, principal autor da pesquisa do Banco Mundial, que lembrou, contudo, que isso só será conquistado integralmente com ganho de competitividade do país, principalmente com melhorias na educação.

Mas o Banco Mundial prevê aumento da despesa com previdência e saúde públicas.

- Não adianta dizer que haverá menos crianças e que, com isso, haverá uma substituição dos gastos. Os gastos de saúde com idosos são de sete a oito vezes maiores que as despesas com crianças - afirmou Paulo Tafner, pesquisador do Ipea.

Gastos com infância tem que crescer, diz estudo

Makhtar Diop, diretor do Banco Mundial para o Brasil, lembrou na divulgação do relatório "Envelhecendo em um Brasil Mais Velho", que a boa cobertura previdenciária no Brasil contrasta com o pouco gasto relativo para a infância:

- O Brasil é um ponto fora da curva. Temos que continuar a assistência aos mais velhos mas intensificar a atuação social junto aos mais jovens, sobretudo na área da educação - disse.

Carlos Eduardo Gabas, secretário-executivo do Ministério da Previdência, afirmou que há pontos que precisam ser aperfeiçoados, mas disse que, em linhas gerais, o governo acerta em ter uma ampla cobertura previdenciária.

- Mas há pontos que precisam ser aperfeiçoados e que estão sendo estudados pelo governo. No Brasil de hoje não pode haver pessoas que se aposentam aos 50 anos - disse, sem adiantar as linhas das medidas que estão sendo analisadas.

Guilherme Lacerda, presidente da Funcef, disse que a previdência privada precisa ser incentivada no país. Ele também criticou os altos juros.