Título: Na China, mais rigor nas exportações
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 09/04/2011, Economia, p. 31

BRASÍLIA. Em sua visita à China, que começa nesta segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff pedirá mais rigor às autoridades daquele país na fiscalização de produtos exportados para o Brasil que estão sujeitos, atualmente, a tarifas antidumping. Segundo técnicos que trabalham nos preparativos da viagem, além do contrabando e da pirataria, agora a indústria brasileira se vê às voltas com o crescimento vertiginoso da chamada triangulação.

O diretor de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca, citou como exemplo a escova de cabelos. Com o antidumping aplicado pelo governo brasileiro, 95% das que saíam da China agora vêm de Taiwan, que não produz escovas de cabelo.

Movimento contra as importações chinesas

Outro caso gritante, observou Giannetti, está na indústria ótica. As autoridades chinesas informam que foram exportadas para o Brasil 20 milhões de unidades no ano passado. Mas só foi registrada a chegada ao Brasil de quatro milhões:

- Cadê os outros 16 milhões de óculos?

Fraudes em contêineres, notas fiscais frias, ilícitos diversos tornam ainda mais desigual a concorrência com os chineses e estão unindo empresários e trabalhadores aqui contra a China.

Começa a surgir um movimento no Brasil contra as importações chinesas. Dentro e fora do governo, há correntes que defendem que a relação deve ser revista urgentemente. E isso inclui não se curvar mais às pressões chinesas para que o governo brasileiro reconheça oficialmente o país asiático como economia de mercado.

- O governo teria de avaliar melhor a posição do Brasil em relação a Pequim. Somos vulneráveis, inferiorizados, por causa da perda de competitividade em função do elevado custo Brasil. E não estamos aplicando, como deveríamos, medidas de defesa comercial - afirmou o diplomata e consultor Rubens Barbosa, ex-embaixador brasileiro nos Estados Unidos.

O embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, disse que o seu país quer uma ação conjunta internacional de combate à pirataria. Segundo ele, os princípios da China são claros.

- Este é um problema que afeta todo mundo. Queremos uma estratégia de cooperação internacional contra a falsificação. Este não é um fenômeno de um ou dois países. É preciso agir a nível internacional.

COLABOROU Vivian Oswald