Título: Derrotado nas eleições, deputado do castelo ganha cargo em Minas
Autor: Herdy , Thiago
Fonte: O Globo, 13/04/2011, O País, p. 4
BELO HORIZONTE. Réu em processo por suspeita de apropriação indébita previdenciária e falsidade ideológica, o ex-deputado federal Edmar Moreira (PR-MG), que ficou conhecido como o "deputado do castelo", foi nomeado para a vice-diretoria da Minas Gerais Participações S.A. (MGI), empresa da administração indireta vinculada à Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais. Sem cargo desde o ano passado, quando não conseguiu se eleger para um novo mandato, Moreira ganhou a vaga na última semana e terá salário de R$11 mil. Segundo a assessoria do governo de Minas, ele foi indicado para a função pelo PR, um dos 12 partidos que apoiaram a reeleição do governador Antonio Anastasia (PSDB).
Com governo do estado, Cemig e Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) como sócios, a MGI tem como principal função a recuperação de ativos da privatização dos bancos Bemge, Minascaixa e Credireal. Pela ata de criação do cargo de vice-diretor, a função de Moreira será auxiliar o diretor-presidente no exercício de suas funções e substituí-lo em caso de ausência.
O ex-deputado foi nomeado em 28 de março pelo Conselho de Administração da MGI, presidido pelo secretário de Fazenda, Leonardo Colombini. Questionada sobre as qualificações do ex-deputado que justificariam a indicação para o cargo, a assessoria do governo informou que ele foi escolhido pelos membros do Conselho, a partir de indicação de um partido aliado.
Quatro dias antes de ser indicado para o cargo no governo de Minas, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a remessa à Justiça Federal em São Paulo do processo em que Edmar Moreira é réu por suspeita de descontar tributos de seus empregados numa empresa de segurança e não repassá-los aos órgãos federais, nos anos 90. Para esse crime, a lei prevê de 2 a 5 anos de prisão e multa. A dívida trabalhista do deputado chegou a R$10 milhões.
Moreira ficou conhecido quando descobriu-se que ele mantinha um castelo em São João Nepomuceno, em Minas, avaliado em R$32 milhões. Com 36 suítes, a propriedade estava à venda. Moreira não foi localizado para falar.
Em 2009, o ex-deputado causou polêmica ao defender, na condição de corregedor-geral da Câmara dos Deputados, o fim do Conselho de Ética da Casa. Acusado de usar a verba indenizatória para contratar serviços de suas próprias empresas, ele foi absolvido pelo Tribunal de Contas da União (TCU).