Título: Risco maior para crianças
Autor: Moraes, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 30/07/2009, Brasil, p. 11

GRIPE SUÍNA

Vírus fica por mais tempo nos pacientes jovens e, por isso, se reproduz com mais facilidade. Estudo mostra que poder do H1N1 de infectar idosos é bem menor, especialmente depois dos 64 anos

A tese de estender o recesso nas escolas para combater a Influenza A (H1N1), popularmente chamada de gripe suína, ganhou força depois que estudos sobre a doença mostraram que as crianças infectadas podem espalhar o novo vírus pelo dobro do tempo daquele registrado em adultos. ¿As crianças têm uma transmissão de até 14 dias, enquanto, nos adultos, esse período é de até sete dias¿, explicou o diretor do Hospital Emílio Ribas, de São Paulo, o infectologista David Uip.

Segundo o especialista, os estudos sobre a nova doença mostram que o vírus se reproduz com mais facilidade nas crianças. ¿Elas acumulam mais vírus e, por isso, transmitem por mais tempo¿, afirma. Normalmente as pessoas começam a transmitir o vírus um dia antes de manifestar os primeiros sintomas.

David Uip, que era contrário ao adiamento das aulas nas escolas como forma de evitar a proliferação do vírus, mudou de ideia após essa nova constatação, e disse que estender o recesso pode ser uma medida eficaz em regiões onde a transmissão esteja em grau elevado.

Já o infectologista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Esper Kallas avalia que, pelo fato de a nova doença ter se espalhado, fechar escolas pode não barrar o avanço da gripe suína. ¿Se tiver um efeito, é muito pequeno¿, acredita o especialista.

Os estudos sobre a nova gripe apontam ainda que o vírus tem mais dificuldade para infectar idosos. ¿Nas pessoas com mais de 64 anos, a possibilidade de transmissão cai em 50%. A teoria é que essas pessoas, por terem tido contato com vários vírus do grupo Influenza ao longo da vida, acumularam uma bagagem imunológica maior¿, diz David Uip. Essa é uma das hipóteses, segundo os especialistas, que explica o fato de a nova doença atingir, na maior parte, pessoas entre 19 e 45 anos.

Apesar disso, os médicos afirmam que os idosos devem ficar atentos, já que eles estão no grupo de risco para doenças respiratórias. O mesmo vale para pessoas com doenças respiratórias crônicas, como asma, bronquite e enfisema pulmonar, portadores de problemas cardíacos, renais, hipertensos, diabéticos e também gestantes. ¿Enquanto não há vacina, essas pessoas têm que evitar aglomerações, contato com pessoas doentes e adotar medidas como lavar as mãos com frequência alerta o infectologista Pedro Tauil.

As crianças têm uma transmissão de até 14 dias, enquanto, nos adultos, esse período é de até sete dias¿