Título: Escolas públicas de portas abertas para o perigo
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 10/04/2011, Rio, p. 19

Teste do GLOBO em 17 colégios revela que controle é falho

Ediane Merola, Simone Candida e Waleska Borges

O massacre ocorrido em Realengo não fez soar o sinal de alerta nos demais colégios da rede municipal. Um dia depois de Wellington Menezes de Oliveira invadir o local e assassinar 12 alunos em sala de aula, um teste feito pelo GLOBO em 17 escolas da prefeitura revelou falhas na segurança de dez unidades visitadas. Três repórteres, sem se identificar, conseguiram entrar sem problemas em colégios das zonas Sul e Norte e do Centro, nos horários de entrada e saída.

Na Tijuca, por exemplo, o terreno de uma escola serve de estacionamento para clientes de um restaurante, deixando o caminho livre para estranhos. Na Lapa, para se proteger do sol, o segurança de um Ciep continuou sentado atrás de uma pilastra, mesmo depois de um desconhecido entrar na unidade e circular entre as crianças no pátio principal.

A equipe passou a pé pelo homem que tomava conta das vagas e seguiu para perto da área onde estavam os alunos. Somente depois de uns dez minutos, uma funcionária apareceu:

¿ A senhora quer algum serviço na escola? Aqui não é o estacionamento, ele só funciona até aquele pedaço. Depois do que aconteceu naquela escola, temos que ficar atentos.

No colégio na Lapa, um vigia deveria garantir a segurança dos 880 alunos e evitar a entrada de estranhos na escola. No entanto, ele continuou sentado numa cadeira sob a sombra de uma pilastra, mesmo depois da entrada de um estranho, por volta do meio-dia, horário de saída dos estudantes. Como o portão estava aberto, repórteres circularam pelo pátio principal, onde mais de 50 crianças, na faixa dos 5 anos, aguardavam o almoço.

¿Esse episódio é um caso isolado¿

Para a diretora do Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares da Secretaria municipal de Educação, Mércia Cabral de Oliveira, se existe um segurança na escola ele deveria ter cumprido a sua função. No entanto, a presença de vigias nas unidades da rede não faz parte dos planos da prefeitura, que prefere deixar as escolas abertas para a comunidade:

¿ Esse episódio (em Realengo) é um caso isolado. A escola tem portões de ferro, sistema de TV, e aconteceu. Acreditamos que a comunidade cuida da escola. Fechar completamente não é o caminho da segurança, nem o que pretendemos para uma convivência de paz.

ILANA CASOY FALA SOBRE O MASSACRE,na página 20

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