Título: Atirador abandonou tratamento há 5 anos
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 10/04/2011, Rio, p. 19

Irmão revela que escola indicou à família um psicólogo: `Ele começou a ir, mas, quando fez 18 anos, parou¿

BRASÍLIA. Os cinco irmãos de Wellington Menezes de Oliveira, autor do massacre de Realengo, estão com receio de serem alvo de vingança por causa da tragédia na Escola Municipal Tasso da Silveira. Na sexta-feira, um deles concordou em dar entrevista, desde que não tivesse nome e profissão revelados. O irmão disse que sabia dos problemas psicológicos de Wellington, mas nunca imaginou que ele pudesse cometer tamanha atrocidade. O atirador, de 23 anos, já tinha feito tratamento psicológico.

¿ Minha mãe o levou ao psicólogo. Na própria escola foi pedido que o levassem ao psicólogo. Ele começou a ir, mas, quando ele fez 18 anos, parou.

Para o irmão, a escola pode ter indicado o tratamento psicológico devido à personalidade de Wellington:

¿ Talvez por ter notado essa personalidade fechada. Eles devem ter notado isso e uma psicológa ou psicopedagoga pode ter pedido que fizesse alguma coisa. Então minha mãe o levou. Uma vez ela me ligou e contou que ele não não queria ir mais.

O irmão afirmou ainda que está orando em nome dos pais e das mães das 12 crianças assassinadas por Wellington.

¿ Ninguém esperava que a situação chegasse a esse ponto, a toda essa atrocidade. Ele vivia no cantinho dele. Não se metia em brigas, em nada errado. Sempre foi muito fechado, não era de conversar muito. Vivia trancado no mundo dele, do computador dele. Como existem outros casos de filhos que também agem dessa forma e não vêm a praticar uma situação como essa. Então não era de se esperar um desequilíbrio desse por parte dele.

Mesmo sendo filho adotivo, Wellington recebeu todo o amor da mãe, segundo o irmão.

¿ Minha mãe o tratava melhor do que aos próprios filhos. Ela tinha muito amor por ele. Ele foi adotado com muito amor, muito carinho e religiosidade. Ele era uma pessoa evangélica. Ela também era evangélica.

Mas o próprio irmão reconhece que Wellington demonstrava interesse também por outras religiões:

¿ Algumas vezes ele brincava dizendo que não queria mais fazer parte da religião da minha mãe (testemunha de Jeová). Que tinha verdadeiro fascínio por essa religião do Bin Laden. Isso aí ele falava como se estivesse brincando, mas a gente não sabia. Se ele tinha acesso a essas coisas no computador, a gente não via. A gente não tinha acesso ao computador dele.

Pelo menos uma vez Wellington teria falado em cometer um atentado:

¿ Uma vez ele falou brincando que derrubaria um avião. Ninguém levou a sério, porque foi numa brincadeira mesmo. Ele falou uma coisa como qualquer outra pessoa, e ninguém levou a sério. Não estava transparecendo nenhum problema mental.

Para o irmão, Wellington não demonstrava ter um comportamento agressivo:

¿ Ele lidava mansamente com as pessoas. Quase não cumprimentava as pessoas. Mas, quando falava, era com educação, sem agressividade.