Título: Achei que caminhava para a morte
Autor: Benevides, Carolina
Fonte: O Globo, 17/04/2011, O País, p. 3

Comecei logo usando oxi, maconha e crack. Daí, passei a traficar e me viciei. Eu pegava nas fronteiras com a Bolívia e o Peru e levava para Rio Branco. Cheguei a passar droga no carro da Funasa. Usava com amigos e não gostava de misturar com bebida. Usava porque mexia com muita coisa e aí tinha que fumar. O problema foi que minha família começou a se acabar. Eu estava ou drogado ou bêbado. O dinheiro que eu ganhava era gasto com oxi. Perdi o medo de ser preso, passei a perder dinheiro quando mandava droga para Rio Branco, meus pais começaram a chorar muito quando me viam e aquilo era o que me abalava. Eu já estava agressivo, e passei a achar que, do jeito que ia, caminhava para a morte, para o cemitério. Foi o que me fez procurar ajuda. Mas ainda tenho vontade de usar.

Irivan do Nascimento, 25, em tratamento no Acre