Título: PSD: partido novo, propostas e políticos antigos
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 15/04/2011, O País, p. 14
Para deputados, "liberdade" no voto
BRASÍLIA. O que o 28º partido que está em vias de ser criado tem de diferente dos 27 já existentes, aos olhos do eleitor? Nada que os outros não prometam: democracia no processo decisório, apoio aos projetos de interesse do Brasil, combate à pobreza com geração de riqueza e defesa da classe média. O perfil da maioria dos 33 parlamentares que assinaram a ata de fundação do PSD também é muito parecido: com raras exceções, integram o baixíssimo clero. Deixam seus partidos de origem por falta de espaço para projetos pessoais - como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab -, por desavenças pessoais e pelo desejo de ir para o barco governista, para facilitar a liberação de emendas para seus municipios. Além de cargos.
Para os que saem de partidos da base da presidente Dilma Rousseff, o comportamento nas votações do Congresso não será diferente. Mas os 11 deputados do DEM e os três do PPS ganharam um discurso novo para justificar a eventual adesão: são livres para votar de acordo com os projetos de interesse do Brasil.
Uma das únicas estrelas do futuro PSD é a senadora Kátia Abreu (DEM-TO). Sua ida para a nova legenda tem a ver com movimentação do Palácio do Planalto, que sinalizou com a possibilidade de lançar um candidato de peso para lhe substituir na presidência da poderosa Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Além do mais, ela é do grupo do ex-senador Jorge Bornhausen, derrotado pelo grupo de Rodrigo Maia (DEM-RJ) no comando do DEM.
Antes de anunciar sua saída, a senadora votou com o governo na apreciação do salário mínimo.
- O perfil dos que estão aderindo ao PSD não é outro senão o dos oportunistas que veem no novo partido uma brecha para aderir ao governo Dilma - diz o ex-líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO).
Um dos coordenadores da criação do PSD, com Kassab, o deputado Guilherme Campos (DEM-SP) justifica:
- Não adianta essa rotina oposicionista simplesmente por ser da oposição. Tem que ser uma mente mais aberta, olhando as transformações do mundo e do Brasil. O próprio resultado político do DEM nas urnas mostra seu descompasso com o resultado eleitoral nacional.