Título: Sírias desafiam nas ruas regime de Assad
Autor:
Fonte: O Globo, 14/04/2011, O Mundo, p. 31

Milhares fecham estrada por libertação de 350 homens presos durante protestos

MULHERES OCUPAM estrada no noroeste da Síria: Alepo e Damasco também tiveram manifestações de estudantes por mais liberdade

DAMASCO. Milhares de mulheres e crianças, segurando bandeiras brancas e ramos de oliveira, bloquearam ontem uma importante estrada costeira da Síria, em protesto contra a detenção, na véspera, de 350 homens nas cidades de Baida e Beit Jnad, noroeste do país. Eles foram presos após terem realizado manifestações sem precedentes nas duas cidades contra o governo de Bassar al-Assad, como parte de uma onda de protestos que vem crescendo na Síria há um mês, e já deixou 200 pessoas mortas.

¿- Não permitiremos que nos humilhem ¿ gritava a multidão feminina.

Numa tentativa aparente de acalmar as mulheres, as autoridades liberaram cerca de cem detidos, e os levaram ao local da manifestação, onde foram recebidos com aplausos e gritos de alegria. Uma das mulheres, no entanto, afirmou que os protestos continuarão até que todos sejam liberados.

A onda de protestos também chegou ontem a Alepo, segunda maior cidade do país. Cerca de 500 estudantes manifestaram na faculdade de Letras da cidade, exigindo reformas políticas. Quatro estudantes foram detidos após confrontos entre manifestantes e a polícia. Apesar de ter reprimido duramente até agora os protestos, o governo de Assad já efetuou algumas concessões: demitiu seu Gabinete e alguns funcionários locais e concedeu cidadania síria a milhares de curdos, minoria marginalizada no país.

Na capital, Damasco, cerca de cinquenta estudantes manifestaram na faculdade de Direito, pedindo liberdade, segundo o presidente da Liga Síria de Defesa dos Direitos Humanos, Abdel-Karim Rihaoui. De acordo com o militante, as forças de ordem intervieram rapidamente, batendo no grupo com bastões até dispersar o grupo. Alguns estudantes foram presos.

Seis mortos em confrontos no Iêmen

No Iêmen, onde milhares de pessoas protestam quase diariamente há quase três meses pela queda do presidente Ali Abdullah Saleh, um novo confronto eclodiu ontem entre forças de segurança e uma unidade militar que se uniu aos manifestantes antigoverno, matando seis pessoas. O confronto começou quando tropas leais ao general Ali Mohsin ¿ antigo aliado de Saleh, e que desertou recentemente ¿ tentaram conquistar uma parte de Sanaa controlada por forças do presidente.

Segundo moradores, os dois lados se enfrentaram com kalashnikovs e granadas por uma hora, resultando na morte de duas pessoas ligadas a Mohsin, três soldados e um civil. Já na cidade de Aden, três adolescentes foram mortos pela polícia enquanto participavam de manifestações antigoverno.