Título: Saúde de Cristina Kirchner preocupa
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 18/04/2011, O Mundo, p. 26

Crises de hipotensão e problemas emocionais podem tirar presidente argentina da reeleição

BUENOS AIRES. Qual é a verdade sobre o estado de saúde da presidente argentina? A revista "Notícias" dedicou várias páginas a uma reportagem sobre "o que ninguém diz sobre a saúde de Cristina". Segundo fontes do governo, nos últimos meses Cristina sofreu pelo menos seis episódios de queda de pressão, além de tonteiras na hora de dormir, insônia e cansaço extremo. A revista menciona até ataques de pânico.

As informações oficiais são bem menos alarmistas. Há quase duas semanas, a Unidade Médica Presidencial divulgou um comunicado no qual confirmava que "a senhora presidente Cristina Fernández de Kirchner teve no dia de hoje (12 de abril passado) um quadro de hipotensão arterial, pelo qual foi recomendado um repouso de 24 horas, seguido de controle sobre sua evolução". Cristina descansou bem mais do que 24 horas e foi obrigada a cancelar viagem oficial ao México. E seus colaboradores, inclusive o ministro da Economia, Amado Boudou, passaram a fazer reuniões na residência de Olivos e não na Casa Rosada (sede do Executivo argentino).

Hoje ela volta ao trabalho, depois de um fim de semana de isolamento total na cidade de El Calafate, na província de Santa Cruz. Após a morte de Néstor Kirchner, a presidente teve sérios problemas na coluna cervical e fez fisioterapia. Desde então, sofre tonteiras. "Como não consegue dormir com facilidade, fica lendo até a madrugada. Depois acorda sozinha, muito cedo", diz a "Notícias". Os boatos sobre problemas emocionais de Cristina são frequentes.

Apesar das pressões dos militantes da Frente para a Vitória (sublegenda do Partido Justicialista fundada por Kirchner), Cristina não decidiu seu futuro. Ela estaria disposta a tentar obter novo mandato. Mas, comentaram fontes do governo, teme enfrentar uma crise política e econômica em 2012. Alguns dos fantasmas que a atormentam são a inflação (que em 2011 deverá superar 25%) e as disputas pelo poder dentro do kirchnerismo. Segundo a "Notícias", Cristina disse a assessores: "Se eu não concorrer, serei a pessoa que enterrou o kirchnerismo. Se concorrer, vou direto para a crise interna".

As pesquisas são favoráveis a Cristina, que em todas as projeções está em primeiro lugar, com chances até de vencer no primeiro turno.