Título: Fukushima ganha plano de nove meses para conter crise nuclear
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Fonte: O Globo, 18/04/2011, O Mundo, p. 26
Operadora da usina prevê o retorno dos moradores até janeiro de 2012
TSUNEHISA KATSUMATA (à direita), presidente da Tepco, pede desculpas pela crise na entrevista coletiva
TÓQUIO. A Tokyo Eletric Power Company (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima, no Japão, anunciou ontem um cronograma para conter a crise na unidade num prazo de seis a nove meses. O plano prevê que seja efetuada até, no máximo, meados de janeiro de 2012 a volta para casa dos moradores retirados da região após o vazamento de radiação em decorrência do terremoto seguido de tsunami do último dia 11 de março.
Apresentada pelo presidente de honra da Tepco, Tsunehisa Katsumata, em uma entrevista coletiva, a proposta inclui um projeto para cobrir os prédios dos reatores nucleares danificados na etapa final do plano.
¿ Calculamos que serão necessários três meses para que o nível de radiação comece a baixar ¿ explicou Katsumata.
O plano foi dividido em duas etapas. Na primeira, a Tepco pretende resfriar os reatores e as piscinas de combustível usado dentro de três meses ¿ até meados de julho. Depois, entre três e seis meses, a operadora planeja assegurar um ¿desligamento frio¿ na usina para estabilizar os reatores.
Depois de atingir um desligamento frio na usina de seis reatores, a Tepco, segundo o cronograma, irá se concentrar em questões como selar as estruturas de contenção dos reatores, limpar o solo contaminado e transferir o combustível nuclear para um local seguro de armazenamento. Dois dos reatores já estão estáveis.
Entre as principais pressões populares está a questão da volta para casa dos moradores que foram removidos da região. No momento, o governo decretou uma zona de exclusão de 20 km ao redor da central, mas pediu que a população abandonasse também a zona num raio de 30 km. Cerca de 80 mil pessoas foram evacuadas. O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, inclusive, enfrentou críticas por seus comentários, negados posteriormente por ele, sugerindo que a população não poderia retornar por 10 ou 20 anos.
Esta semana, a maior companhia de energia da Ásia anunciou o pagamento de indenização no valor inicial de US$12 mil a cada família desalojada. Estimativas do Bank of America-Merrill Lynch preveem que os prejuízos da empresa poderão alcançar US$130 bilhões, caso a crise nuclear continue.
O governo tenta elaborar um plano para limitar o prejuízo da Tepco, que fornece cerca de um terço da energia do Japão. Antes do terremoto de março, a empresa tinha dívidas de US$91 bilhões, e desde então, fez um empréstimo de US$24 bilhões.
¿ Não podemos responder nada sobre compensações até que o plano do governo seja estabelecido. Nenhuma quantidade de venda de bens seria suficiente, se a Tepco tiver de arcar com toda a compensação. Portanto, estamos dizendo que queremos que o governo decida o plano imediatamente ¿ afirmou Katsumata, que ainda pediu perdão pela crise provocada pelo acidente nuclear em Fukushima e disse que sua empresa está tentando ¿evitar que piore¿ a situação.