Título: Sarney descarta licença médica
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 01/08/2009, Política, p. 5

Presidente da Casa chegou a pensar em se ausentar das funções para acompanhar o restabelecimento da mulher, mas não vai ¿depor armas¿. Pessoas próximas ao senador indicam que ele está ¿pintado para a guerra¿ e pronto para a batalha

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cogitou a hipótese de tirar uma licença para acompanhar a recuperação da mulher, Marly. Ela passou por cirurgia no ombro esquerdo e teve alta ontem no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ontem, no entanto, essa alternativa já estava descartada. O empresário Fernando Sarney é um dos que considera o pai ¿pintado para a guerra¿, segundo relato de amigos, resumindo o clima numa frase que jura ter ouvido do próprio Sarney.

O senador retorna a Brasília neste fim de semana para começar a organizar os próximos passos da disputa contra a oposição dentro do Conselho de Ética. São duas hipóteses: a primeira é articular para que todos os processos sejam arquivados de uma vez. A segunda é tentar ganhar tempo, deixando a disputa direta para a segunda quinzena de agosto, quando o número de representações contra senadores no Conselho de Ética for maior. Faltam, por exemplo, as do PMDB contra Arthur Virgílio (PSDB-AM). A cessão do lugar para Francisco Dornelles (PP-RJ) é vista como pouco provável.

Sarney tem exata noção do que encontrará. E, a curto prazo, não está nos planos depor as armas. Seu artigo ontem no jornal Folha de S. Paulo dá o tom dos livros a que tem recorrido, sobre teoria da guerra e suas aplicações na política. No texto, há uma coleção de recados à mídia e ao Parlamento: ¿¿Dois grupos eram constantes em cada legislatura, embora mudassem seus integrantes: os que viviam à custa da honra da Casa e os que faziam política à custa da honra dos colegas. Em geral, eram sepulcros caiados¿.

Ontem, além do diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, Sarney se reuniu com o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), que tem ajudado nas conversas com a bancada do PT e ficou contente com as novas declarações de Lula. O presidente voltou à toada da solidariedade, diferentemente do que havia indicado na quinta-feira, quando afirmou que a crise do Senado não era problema dele.