Título: Menores bebem chá com pilha para conter abstinência
Autor: Benevides, Carolina; Remígio, Marcelo
Fonte: O Globo, 18/04/2011, O País, p. 3

Atendimento a usuários de crack e oxi em São Luís ainda é precário

RIO e TERESINA. Do crack ao oxi. Em São Luís, a droga que tomou conta dos estados da Região Norte faz vítimas entre os menores da capital do Maranhão. Não é difícil encontrar na periferia crianças com 12 anos consumindo o produto, intercalado com crack, merla e cocaína. Quando não há oxi, os dependentes recorrem a chás feitos com pilha alcalina e chapas de raio-x cortadas em pedaços pequenos, consumidos para conter crises de abstinência. Os usuários ainda inalam gás de cozinha e cheiram gasolina.

Há seis anos estudando a evolução das drogas entre crianças e jovens de São Luís, a pesquisadora Selma Marques, da Universidade Federal do Maranhão, faz um alerta:

¿ Antes, o consumo era de maconha e cocaína. Éramos felizes e não sabíamos. Por serem de fácil acesso e baratos, crack e oxi ganharam espaço. São consumidores de famílias vulneráveis e alguns com pais dependentes.

Pesquisa feita por Selma com 125 jovens relata que o consumo está relacionado a roubos ou furtos. E, segundo Selma, em São Luís não há unidades públicas que reúnam tratamento psicológico e acompanhamento médico.

Já no Rio, o problema é o crack:

¿ O Rio tem hoje gerações do crack ¿ diz Ivone Ponczek, diretora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

No Piauí, o problema é tão grave que o governo promoveu ontem a Caminhada de Enfrentamento Contra o Crack e Outras Drogas, em Teresina.

¿ De cada dez homicídios, oito são provocados pelas drogas ¿ conta o governador Wilson Martins (PSB).

Integrante da Subcomissão de Drogas do Senado, o senador Wellington Dias (PT-PI) diz que circula no Piauí uma nova droga, a brita, mistura de crack, cimento e ácido:

¿ É perverso. (M.R. e E.R.)

oglobo.com.br/pais