Título: UE apoia França após bloqueio de fronteira
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Fonte: O Globo, 19/04/2011, O Mundo, p. 26

BRUXELAS. Num sinal de apoio à decisão da França de bloquear temporariamente no domingo sua fronteira ferroviária com a Itália para impedir a entrada de um trem com ao menos 150 imigrantes tunisianos, a Comissão Europeia afirmou ontem que o governo francês ¿tem o direito¿ de fechar sua fronteira com o país vizinho ¿ mesmo que os passageiros tenham autorização de residência temporária italiana. Para aqueles que vivem legalmente nos 25 países da zona Schengen, da qual os dois países fazem parte, é permitido circular livremente sem a necessidade de apresentação de passaporte.

¿ Recebemos esta manhã (ontem) uma carta das autoridades francesas, que nos explicaram que (o corte do tráfego) ocorreu devido a uma questão de ordem pública, que foi a interrupção temporária e pontual. Agora o tráfego acontece normalmente ¿ explicou a comissária de Interior do bloco europeu, Cecilia Malmström.

As declarações da comissária ocorreram pouco após a França defender sua decisão, diante de uma chuva de críticas vinda do governo italiano, que teme que outros países da União Europeia façam vista grossa frente à chegada contínua de embarcações do Norte da África à ilha italiana de Lampedusa. Durante uma visita à Bulgária, o ministro do Interior francês, Claude Gueant, insistiu que Paris respeitou as regras da UE quando bloqueou, na cidade italiana de Ventimiglia, a entrada do trem.

¿ Nós respeitamos o texto e os espírito do acordo de Schengen ¿ afirmou Gueant.

Roma, por sua vez, acusa seus vizinhos europeus de falta de solidariedade. O governo alega que desde o início da onda de protestos no mundo árabe o país foi obrigado a lidar com o fluxo de dezenas de milhares de imigrantes norte-africanos. Numa entrevista ao jornal ¿La Repubblica¿, o chanceler italiano, Franco Frattini, disse que a França passou dos limites, e acusou Paris de ignorar o tratado de Schengen.

¿ Se a situação persistir, pouparíamos tempo apenas afirmando que estamos mudando a nossa visão sobre a circulação livre, um dos princípios fundamentais da União.