Título: Wikileaks: EUA ajudaram oposição síria
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Fonte: O Globo, 19/04/2011, O Mundo, p. 26

WASHINGTON. Novos telegramas diplomáticos vazados pelo WikiLeaks revelam que o Departamento de Estado americano financiou secretamente grupos de oposição ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, por ao menos cinco anos, segundo o ¿Washington Post¿. O dinheiro começou a ser enviado depois que o presidente George W. Bush congelou as relações com Damasco, em 2005. Os EUA continuaram a mandar ajuda financeira a opositores mesmo depois de ter adotado uma política de reaproximação com a Síria sob a Presidência de Barack Obama, em 2009.

Os documentos indicam que ao menos US$6 milhões foram enviados, desde 2006, a um grupo baseado em Londres, conhecido como Movimento Pela Justiça e Desenvolvimento. O grupo, declarado ilegal pelo governo sírio e que defende abertamente a saída de Assad, tem conexões com a emissora de TV por satélite Barada ¿ também baseada em Londres, mas transmitida na Síria ¿ que vem cobrindo os protestos no país. As mensagens levam a crer que os americanos incentivaram a criação da TV, em 2007, com uma programação antigoverno. Nenhum diretor da TV admitiu ter recebido dinheiro dos EUA.

Ontem, o governo americano não negou a informação, mas afirmou, por meio de um porta-voz do Departamento de Estado, que os EUA ¿não estão tentando enfraquecer o regime sírio¿.

A revelação do WikiLeaks pôs o governo de Obama numa saia justa, visto que ele quer se aproximar do governo da Síria para tentar anular a influência do Irã. A onda de protestos que eclodiu no país no último mês, duramente reprimida pelo regime sírio, vem complicando ainda mais a posição americana, com os EUA tentando descobrir como apoiar a oposição sem isolar o governo de Assad. Milhares de pessoas voltaram às ruas de Homs, no oeste do país, ontem, para protestar contra o governo, durante o funeral de oito das 17 pessoas mortas numa manifestação da véspera. Tiros foram disparados contra a multidão, mas não há relato de novas vítimas.

Diante do novo protesto, o Ministério do Interior sírio qualificou o movimento antigoverno de ¿insurreição armada¿ e prometeu impor ¿com firmeza a estabilidade no país, perseguindo os terroristas¿.