Título: Furlan faz acordo e pagará R$200 mil à CVM
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 19/04/2011, Economia, p. 24

Ex-presidente do Conselho da Sadia foi acusado de falta de sigilo na operação com Perdigão

O ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan, atual presidente do Conselho de Administração da empresa de alimentos BR Foods, vai desembolsar R$200 mil para encerrar um processo contra ele na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O executivo foi acusado pela xerife do mercado de falta de sigilo nas negociações de fusão entre Sadia e Perdigão, operação que resultou na criação da BR Foods, maior processadora mundial de carne de frango.

Acionista e neto do fundador da Sadia, Furlan teria comentado pela imprensa, à época das negociações, em 2009, questões consideradas sensíveis sobre o acordo entre as empresas, em vez de usar os meios oficiais do mercado. Ele era então presidente do Conselho de Administração da Sadia. Isso teria ocorrido em reportagens sobre um possível financiamento do BNDES à Perdigão, os moldes da operação e as dificuldades de acordo por causa do grande número de famílias acionistas.

O ex-diretor de Relações com Investidores da Sadia Welson Teixeira Junior também apresentou um acordo e vai pagar R$200 mil à CVM para encerrar as investigações, segundo o termo de compromisso assinado em 22 de março e divulgado ontem pela CVM. Ele era acusado de não ter verificado as informações à imprensa por Furlan.

KPMG paga R$1 milhão para encerrar processo na CVM

Em outro processo, no final do ano passado, a CVM levou a julgamento e condenou nove membros do Conselho de Administração da Sadia, que tiveram que pagar R$2,6 milhões em multas. Eles foram acusados de irregularidades cometidas em operações futuras de câmbio (derivativos cambiais). Entre eles, Luiza Trajano (presidente da rede Magazine Luiza) e Vicente Falconi (um dos maiores consultores empresariais do país).

A KPMG e seus funcionários Ricardo Anhesini Souza e Silbert Christo Sasdelli Júnior também assinaram um termo de compromisso com a CVM para encerrar um processo envolvendo a auditoria das demonstrações contábeis do FIDC BCSUL Verax Multicred Financeiro. Eles terão de pagar em conjunto R$1 milhão.

A BR Foods não comentou os acordos de Furlan e Teixeira Junior. Furlan estaria fora do Brasil e não foi localizado pelo repórter. Teixeira Junior, que já teria deixado a BR Foods, também não foi encontrado para comentar o acordo. Porta-vozes da auditoria KPMG também não foram encontrados ontem à noite.