Título: FMI vê risco de bolha de crédito no Brasil
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 19/04/2011, Economia, p. 22

Sem ajustes fiscal e monetário, país poderia sofrer crise bancária

WASHINGTON. Países emergentes como Brasil, China e Turquia correm riscos de sofrer uma crise bancária caso não sejam aplicadas políticas adequadas ao forte e rápido crescimento do crédito. "Sinais de nascente bolha de crédito em algumas economias emergentes do G-20 podem representar riscos de eventual crise financeira e um pouso forçado para o crescimento econômico", alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI) em um relatório final sobre a reunião de ministros de finanças e presidentes de bancos centrais do G-20, no encontro de primavera encerrado no domingo, em Washington.

Os booms de crédito estiveram relacionados a recentes crises nos sistemas bancários, aponta o FMI, ao citar as turbulências no final dos anos 1990 na Ásia e a crise financeira de 2008 deflagrada nos Estados Unidos. Segundo o Fundo, é difícil avaliar se um boom é "bom" ou "ruim", mas a instituição ressalta que eles geralmente são nocivos quando maiores, de longa duração e relacionados à inflação alta e à rápida elevação dos preços imobiliários, junto ao aumento do déficit em conta-corrente (trocas de recursos com o exterior). Na análise do FMI, Brasil, China e Turquia são "atuais exemplos notáveis" de rápido crescimento do crédito, interrompido apenas brevemente pela crise financeira.

O Fundo aconselha economias emergentes como a do Brasil a enfrentar os riscos de superaquecimento e ameaças provocadas pelo forte fluxo de capitais por meio de uma resposta combinada entre a consolidação fiscal e taxas de juros mais elevadas, com uso de medidas de controle de capitais. "Há espaço para continuar com o ciclo de aperto da política monetária, enquanto as importantes medidas recentes de consolidação fiscal devem entrar em efeito gradualmente". Para os economistas da instituição, a valorização da moeda nos países em desenvolvimento não pode ser totalmente rejeitada: "A apreciação da taxa de câmbio que pode resultar faz parte do ajuste desejável, aumenta a renda real, e não deve ser encarada com resistência".