Título: Fundador do PSDB, Feldman sai e ganha posto de Kassab em Londres
Autor: Amorim , Silvia
Fonte: O Globo, 26/04/2011, O País, p. 4

SÃO PAULO. A crise que atinge o PSDB em São Paulo levou ontem a uma nova baixa no partido. Um dos fundadores do PSDB, o ex-deputado Walter Feldman (SP) anunciou que deixará a sigla. A iniciativa engrossa um movimento iniciado na semana passada com a debandada de seis vereadores da capital paulista.

Feldman não informou qual será o seu novo partido, mas é provável que reforce as fileiras da legenda recém-criada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o PSD. Ele é secretário de Esportes da prefeitura paulistana e, na próxima quarta-feira, deixará o cargo para assumir um posto ainda mais cobiçado. O ex-deputado será um correspondente da prefeitura em Londres para acompanhar a preparação para as Olimpíadas de 2012, com salário de 4.400 libras esterlinas (aproximadamente R$12 mil). Os Jogos Olímpicos de 2016 serão no Rio de Janeiro.

- Não existe vinculação entre a minha saída e o PSD. Decidi sair do PSDB porque esse não é o PSDB que fundamos. O partido está se desviando do seu caminho -- disse Feldman.

Na segunda-feira passada, um grupo de vereadores anunciou a desfiliação de sete dos 13 parlamentares do partido. Até agora, seis confirmaram o compromisso de se desfiliar. Adolfo Quintas, que está licenciado por motivo de saúde, ainda não se pronunciou sobre se seguirá os colegas de Câmara Municipal.

Deputado já liderou movimento a favor de Kassab

A saída de Feldman já era esperada. O ex-deputado liderou, em 2008, o movimento que levou parte do PSDB paulistano, incluindo os vereadores, a apoiar a reeleição de Kassab, em vez de fazer campanha para o então candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin. Desde então, alckmistas e tucanos ligados a Kassab não se entendem. Com a eleição de Alckmin para governador em 2010 e a chegada de seus aliados ao comando do partido na capital no início deste mês, esse grupo pró-Kassab se viu ameaçado.

Os dois lados não conseguiram entrar em acordo sobre a divisão de cargos de direção do partido nas eleições internas. Os alckmistas acusam a ala dissidente de usarem a eleição interna como pretexto para migrar para o PSD. Os vereadores e Feldman dizem que estão abandonando o partido porque há um plano em curso para tirar deles espaço político como vingança pelo episódio de apoio a Kassab em 2008.

- O que eles fizeram com os vereadores é um crime. Como um partido parlamentarista exclui da sua direção municipal a maior bancada da capital? Esse não é o meu partido - disse Feldman.

Depois de sete mandatos consecutivos como deputado federal, sendo seis deles pelo PSDB, Feldman foi derrotado na eleição do ano passado.

Nenhum dos vereadores oficializou ainda seu novo destino político. Eles receberam convite de Kassab para ingressar no PSD. Alguns também ouviram do prefeito que os partidos da base do governo dele, PMDB, PPS e PV, estão de portas abertas. O objetivo de Kassab é minar a força do PSDB em São Paulo. Ele busca viabilizar sua candidatura a governador em 2014.