Título: Promotora suspeita de extorsão é presa no DF
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 21/04/2011, O País, p. 11

Envolvida no mensalão do DEM, Deborah é acusada de forjar laudo de insanidade mental para fugir de punição

BRASÍLIA. A Polícia Federal prendeu ontem a promotora Deborah Guerner e o marido dela, o empresário Jorge Guerner, acusados de envolvimento em desvio de dinheiro público durante a gestão do ex-governador José Roberto Arruda, o chamado mensalão do DEM. A prisão preventiva foi decretada pela desembargadora Mônica Sifuentes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, a pedido do procurador regional Ronaldo Albo. O pedido foi motivado por suspeita de que Deborah comprou um atestados de insanidade mental de dois médicos paulistas, para se livrar das acusações.

No Instituto Médico-Legal, onde fez exame de corpo de delito, Deborah gritou com cinegrafistas. Ela é acusada de vazar informações sigilosas da Operação Caixa de Pandora para o ex-secretario de Relações Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa, e suspeita de tentar extorquir dinheiro de Arruda

Um vídeo apreendido na casa da promotora, em setembro de 2010, e gravado pelo sistema interno de TV, mostra Deborah e o marido negociando um atestado. O médico sugere que ela deveria vestir roupas de cores berrantes e usar muitas joias, para realçar aspectos da suposta loucura. Só um dos atestados teria custado R$15 mil. Ela apresentou 16 atestados para escapar de audiências no Conselho Nacional do Ministério Público, na Corregedoria do Ministério Público e na Procuradoria Regional da República.

No último dia 6, ela apareceu numa sessão do Conselho Nacional do Ministério Público com um minissaia bege, forte maquiagem no rosto e braços e pescoço carregados de jóias. No início da reunião, deixou a sala aos berros.

Deborah, o marido e os dois médicos foram denunciados terça-feira ao TRF-1 por falsidade ideológica. Ela foi presa em casa e levada para uma sala sem grades e com ar-condicionado, de 16 metros quadrados, do Comando de Operações Táticas (COT), na PF. Deborah tem direito a ficar presa numa sala, por ser do Ministério Público. Jorge Guerner está preso em cela individual da carceragem da PF. Por ter curso superior, também tem direito a tratamento especial.

No pedido de prisão, Albo aponta o risco de fuga da promotora. Deborah e o marido fizeram uma viagem de 20 dias à Itália, sem avisar a Justiça Federal, e voltaram sábado. O advogado Pedro Paulo Medeiros protocolou ontem no Superior Tribunal de Justiça (STJ) um pedido de habeas corpus para o casal.