Título: No Rio, programa está em ritmo lento
Autor: Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 21/04/2011, O País, p. 4
Dos 25.298 imóveis previstos, só 5.423 foram construídos
No Rio, o Minha Casa Minha Vida anda a passos lentos. Desde 13 de abril de 2009, quando foi lançado, o programa construiu apenas 5.423 dos 25.298 imóveis previstos no estado para famílias com renda mensal de até três salários mínimos, totalizando um investimento de R$1,262 bilhão. Segundo a Caixa Econômica Federal, as 19.873 unidades restantes ficarão prontas até o fim de 2012. Para cumprir a promessa, o governo terá de erguer uma média de 828 residências por mês ou 27,6 por dia, incluindo a infraestrutura necessária para a moradia.
A missão será difícil. Das 5.423 casas já construídas, entre abril de 2009 e abril deste ano, só saíram do papel cerca de 225,9 imóveis por mês. Ou seja: 7,5 unidades por dia. Nesse caso, o ritmo de entrega das chaves do Minha Casa Minha Vida aos beneficiados, nos próximos dois anos, terá de ser quase quadruplicado.
- Nos dois primeiros anos, não teve entrega de casas. Só construção. As entregas começaram em dezembro do ano passado. Essa escala, a partir de agora, ganhará velocidade. Com certeza dará tempo. Estamos contado com isso. Oito mil residências já têm mais de 80% da obra realizados - afirmou a superintendente da Caixa no Rio, Nelma Souza Tavares.
Roberto Kauffmann, presidente do Sindicato da Construção Civil no estado (Sinduscon-Rio), considerou a meta da Caixa inviável:
- É inviável porque, para essa faixa de zero a três salários, cada imóvel custa pelo menos entre R$45 mil e R$50 mil, incluindo a compra do terreno, a infraestrutura e a construção da casa. O valor é muito apertado. As construtoras não estão se interessando pelo programa. E as que se interessaram estão tomando prejuízos. Tudo isso atrasa o cronograma das obras. O setor propôs ao governo federal que o preço de cada imóvel aumente para R$70 mil.
Para agilizar a entrega dos imóveis, a Caixa, por meio da assessoria de imprensa, afirma, em nota, que exigirá, entre outras medidas, apenas documentos de identificação e de estado civil dos inscritos no programa:
"Para acelerar o processo, foi estipulado um rol mínimo de documentos, limitando-se àqueles de identificação e estado civil. As pesquisas cadastrais para enquadramento de renda foram todas automatizadas, e a Caixa está realizando reuniões constantes com as prefeituras no sentido de agilizar o cadastramento das famílias."
Dos 25.298 imóveis a serem entregues no estado, 16.031 ficarão localizados no município do Rio. A maior parte das moradias populares será construída em bairros da Zona Oeste. A prioridade são famílias que perderam suas casas durante as chuvas ou pessoas que atualmente vivem em áreas de risco.
O Minha Casa Minha Vida prevê a construção de 57.075 residências, mas somente 11.642 foram entregues. Além da faixa de zero a três salários, o programa inclui também beneficiados com renda mensal de três a seis e de seis a dez salários mínimos. Ao todo, investimento será de R$3,5 bilhões.