Título: Em Recife, famílias de baixa renda não são beneficiadas
Autor: Herdy, Thiago
Fonte: O Globo, 21/04/2011, O País, p. 3
Nenhuma casa foi entregue para população que recebe de 0 a 3 salários mínimos
RECIFE. A capital de Pernambuco tem um déficit habitacional estimado em 80 mil unidades, mas, até o momento, a população na faixa de zero a três salários mínimos não foi contemplada com uma só residência do Minha Casa Minha Vida. E provavelmente não será. A Prefeitura de Recife já entregou, na atual gestão, 13 conjuntos habitacionais com cerca de 1.700 apartamentos, mas todos foram construídos em parceria com outros programas do governo federal.
O secretário de Habitação de Recife, Abelardo Neves, informou que há 17 outros conjuntos sendo edificados, mas nenhum pelo Minha Casa Minha Vida. Para ele, a explicação é simples: não há interesse, por parte das incorporadoras, de construir casas populares na capital. Elas têm se dirigido diretamente à CEF para financiar projetos para famílias que recebam até dez salários mínimos.
- As empresas não se motivam a construir para as camadas mais pobres pelo Minha Casa Minha Vida porque os preços dos terrenos em Recife estão proibitivos, e isso termina por inviabilizar seus lucros. Elas têm optado por trabalhar para famílias com salários maiores - disse Neves, admitindo que dificilmente a prefeitura vai aderir ao Minha Casa Minha Vida, por conta desses problemas.
As dificuldades já começaram a ser percebidas pelo Fórum de Reforma Urbana, que congrega 25 entidades em Recife. A entidade denuncia que a população mais carente não vem sendo beneficiada pelo programa.
Os problemas de supervalorização parecem não ocorrer no restante do estado. De acordo com a CEF, 132 das 185 prefeituras aderiram ao programa, além do governo do estado. Já foram fechados contratos no valor de R$2,1 milhões, sendo que R$1,5 milhão se destinou à construção de 38 mil unidades para até três salários. Cerca de 4.300 unidades já foram entregues.