Título: Mais 175 morrem nas estradas no feriadão
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 26/04/2011, O País, p. 12
Houve queda em relação ao carnaval, mas média diária de mortes subiu se comparada à da Semana Santa de 2010
BRASÍLIA. O feriadão da Semana Santa foi menos violento nas estradas federais que o do carnaval, aponta balanço divulgado ontem pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Nas BRs, houve quedas de 18% no número de mortes e de 7% nos totais de feridos e acidentes, em relação ao carnaval. Porém, no confronto com as médias diárias da Semana Santa de 2010, houve aumento.
Este ano, foram 31 mortes por dia (em média) na Semana Santa, contra 28,5 no mesmo feriado em 2010. Ocorreram 675 acidentes diários, com 406 feridos, em 2011, e 588 acidentes e 357 feridos diários na Semana Santa do ano passado.
A operação da PRF deste ano começou à 0h de quarta-feira e se estendeu até meia noite de domingo. Para compará-la com o carnaval, que teve seis dias, a corporação esticou o recesso religioso em mais um dia, incluindo na estatística os dados da última terça-feira, quando a maioria dos brasileiros trabalhou. Conforme o balanço, o número de mortes caiu de 213 no carnaval para 175 na Páscoa; o de feridos de 2.441 para 2.274; e o de acidentes, de 4.165 para 3.861.
A PRF fez comparações com a Semana Santa de 2010, justificando que ela teve apenas quatro dias. Outro argumento é que o feriadão incluiu o Dia de Tiradentes, registrando movimento recorde nas estradas.
- Na prática, em 2011, o brasileiro teve um e não dois feriados para viajar. O movimento foi concentrado - explicou o o inspetor Alexandre Castilho, sem esclarecer de quanto foi o incremento no tráfego.
Redução de 56% nas mortes em BRs no Rio
Nas estradas federais do Rio, a comparação com o carnaval mostrou quedas de 56% nas mortes (7 casos), 14% nos acidentes (288) e 10% no total de feridos (118). Minas, que tem a maior malha federal, Santa Catarina, Bahia e Paraná ocuparam as primeiras posições no ranking de mortes, feridos e acidentes. Contrariando a tendência geral, o número de mortos dobrou em Piauí, Rondônia, Rio Grande do Sul e Acre.
O coordenador-geral de Operações da PRF, Giovanni di Mambro, diz que os números são altos e insatisfatórios. A PRF propôs ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a criação de um plano de enfrentamento da violência no trânsito.
No país, a cada 100 mil habitantes, 20 morrem em acidentes. Segundo Mambro, a meta traçada pela Organização das Nações Unidas (ONU) é reduzir para, ao menos, 14 até 2020. Porém, os esforços do governo estão bem aquém do necessário. A PRF opera hoje com déficit de quatro mil patrulheiros, o que corresponde a 40% do pessoal na ativa. O dinheiro proveniente das multas tem sido retido no cofre da União. As rodovias continuam precárias.
- Não tem como se colocar toda a culpa no usuário. É uma série de fatores que têm de ser analisados. Tivemos na Fernão Dias (BR-381, em Minas) uma ponte que cedeu no primeiro dia de operação - exemplifica Mambro, acrescentando que falta convergência: - Essa sensação de estar enxugando gelo é muito frustrante. A gente tem de agregar ações de educação, ações estruturantes à questão da fiscalização.
Mesmo sendo um feriado religioso, 754 condutores foram reprovados no bafômetro na Semana Santa, dos quais 309 acabaram presos. Ao todo, mais de 28 mil pessoas fizeram o teste. Conforme a PRF, as 176 mil abordagens e as 125 mil multas aplicadas indicam "o baixo comprometimento" com o trânsito seguro. Os 500 radares empregados no feriadão flagraram 76 mil veículos transitando em velocidade proibida. Foi quase o dobro do registrado no carnaval.