Título: O desafio de Obama: punir um governo que se encontra sob restrições econômicas
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Fonte: O Globo, 27/04/2011, O Mundo, p. 31

Sem contar com alternativa a Assad, medidas americanas miram em figuras do regime

WASHINGTON. A Casa Branca estuda novas sanções contra a Síria ¿ principalmente envolvendo os bens de altos funcionários ao redor do presidente Bashar al-Assad ¿ mas membros do governo reconhecem que o país já está sob tantas sanções que os EUA têm pouca margem de manobra.

¿ Estamos falando de um país cuja economia é do tamanho da de Pittsburgh ¿ disse uma fonte. ¿ Há medidas que podem ser tomadas para aumentar (o volume de sanções), mas o impacto financeiro é pequeno.

Além do impacto reduzido, a diplomacia americana não dispõe, no momento, de alternativas a Assad: o governo acaba de restabelecer relações diplomáticas plenas com a Síria e conta com um suposto ânimo reformista do jovem presidente ¿ algo um tanto duvidoso após as repressões às manifestações ¿ como um de seus eixos políticos no Oriente Médio. Talvez por isso, fontes dizem que os EUA ainda não desistiram de pressionar Assad para que altere o curso e ouça os pedidos de mudança que vêm das ruas. Embora tenha ordenado que alguns diplomatas deixem o país, Washington manterá aberta a embaixada em Damasco para manter canal de diálogo.

¿ Acreditamos que a linha de comunicação diplomática oferece uma oportunidade de diálogo ¿ disse o diretor de planejamento político do Departamento de Estado, Jake Sullivan.

Sanções adotadas em 2006 e 2007 restringiram negócios

O problema que o governo enfrenta com a Síria é similar ao que envolve Coreia do Norte e Mianmar, há anos sob sanções. Em 2006, os EUA proibiram transações com o Banco Comercial da Síria. Em 2007, acusaram quatro organizações ligadas ao governo de trabalharem pela proliferação de armas de destruição em massa, proibindo negócios. Agora, Obama busca sanções específicas contra indivíduos, embora a maior parte do dinheiro deles esteja na Europa ou no Líbano.

Obama não chegou a pedir a renúncia de Assad ou a dizer, como no caso de Muamar Kadafi, que ele perdera a autoridade moral para governar. Perguntado por que Assad é tratado de forma diferente, a Casa Branca disse que cabia ¿ao povo sírio decidir quais deveriam ser os seus líderes¿.

Fontes dizem que ao mesmo tempo em que faltam ferramentas econômicas eficazes, creem que Assad seja sensível a uma imagem brutal de seu regime. Recentemente, a Casa Branca aumentou as denúncias contra o governo sírio e mesmo contra Assad, acusado por Obama de ¿colocar interesses pessoais à frente do povo¿.

Com agências internacionais