Título: Dilma: gargalo em aeroportos e falta de mão de obra são bons problemas
Autor: Gois, Chico de; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 27/04/2011, Economia, p. 24

Presidente alega que aumento de viagens supera crescimento do país

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff atribuiu ontem os recentes conflitos trabalhistas em empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ao fato de o país ainda estar se readaptando às grandes obras, retomadas na gestão Lula. Segundo Dilma, o Brasil enfrenta hoje bons problemas, resultantes do crescimento econômico do país, e um exemplo disso é o gargalo nos aeroportos.

- Sabemos que muitos dos problemas que vivemos hoje, e temos o compromisso de enfrentá-los e resolvê-los, podem ser chamados de bons problemas. Por exemplo: os aeroportos que temos de expandir porque o aumento das viagens aéreas supera o crescimento do país - afirmou, observando que a atenção do governo estará voltada não apenas para minimizar os efeitos para a Copa e para as Olimpíadas, mas também com uma visão de longo prazo por causa do aumento da demanda.

Sobre os conflitos trabalhistas - como os que paralisaram, no mês passado, as obras da usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia -, Dilma garantiu que o governo tomará medidas para enfrentar os problemas, não só os diretamente relacionados aos confrontos, mas também aqueles ligados à capacitação dos profissionais.

- Hoje nós sabemos, voltando aos problemas, aos bons problemas, que há pressão de mão de obra porque vivemos próximos do pleno emprego. Há problemas de conflitos nas grandes obras, porque elas voltaram a existir, depois de muitos anos em que o país não sabia o que era construir uma grande usina ou uma ferrovia importante - afirmou a presidente.

"É melhor do que os problemas do desemprego"

Ela prometeu ação enérgica para coibir irregularidades nos empreendimentos e reafirmou o lançamento, em breve, do Programa Nacional de Ensino Técnico e Capacitação Profissional (Pronatec), cujas diretrizes foram antecipadas no último sábado pelo GLOBO.

- Nós não ficaremos passivos, olhando os problemas, vamos enfrentá-los. E isto significa enfrentá-los especificamente, em cada obra, cada acontecimento, mas significa também a preocupação do governo com a melhoria e a capacitação dos seus trabalhadores e trabalhadoras - disse Dilma.

Ela antecipou que o Planalto vai criar bolsas para os estudantes se aperfeiçoarem no exterior. A meta é distribuir 75 mil bolsas até 2014, sobretudo em ciências exatas. Dirigindo-se à plateia de empresários presente à primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), ela pediu participação:

- Eu acredito que o setor privado pode comparecer com uma ajuda aos estudantes brasileiros e ao Brasil, de forma que nos permita chegar a 100 mil bolsas em 2014.

A presidente disse ainda que é melhor enfrentar os problemas do crescimento, como ampliar aeroportos e formar mão de obra qualificada:

- É sempre melhor enfrentar os problemas do crescimento do que os problemas do desemprego, da falta de renda, da falta de investimento e da depressão econômica.