Título: FH reage à debandada no PSDB de São Paulo
Autor: Farah, Tatiana; Amorim, Silvia
Fonte: O Globo, 27/04/2011, O País, p. 4

Alckmin tira secretaria de Afif para acomodar o DEM, numa reação ao grupo de Kassab

SÃO PAULO. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu um puxão de orelhas no PSDB pela debandada tucana para o PSD, novo partido do prefeito Gilberto Kassab. Para o ex-presidente, "ninguém pode pregar a democracia, que implica pluralidade, se não a pratica". Fernando Henrique lamentou a saída do ex-deputado Walter Feldmann, 8º paulista a deixar a legenda em uma semana, e disse fazer um "apelo à unidade".

- Acho lamentável a saída de qualquer pessoa, sobretudo de uma pessoa importante. É o momento de fazermos um esforço pela coesão. Faço até mesmo um apelo: não é o momento de ampliar divisões. Se quisermos ter um objetivo maior, como têm os venezuelanos hoje, que é de voltar a ter uma situação de que o PSDB exerça um papel construtivo no Brasil, na República, nós temos de estar unidos - disse o ex-presidente à imprensa, durante um seminário com analistas e a oposição jovem ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC).

O ex-presidente confirmou que existem propostas de fusão entre o PSDB e o DEM, mas que não há nada definido:

- Existem propostas nesse sentido. São aspectos delicados. Acho que o mais importante é manter a coesão dos partidos e, desde logo, dizer: aconteça o que acontecer, vamos nos manter unidos com certos objetivos maiores. Não sei qual a tendência, se vai haver fusão ou não.

Ontem, num esforço para manter o principal aliado, o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, selou um acordo de reacomodação do DEM no governo e tirou do secretariado o vice-governador, Guilherme Afif Domingos, que deixou o DEM para ingressar no PSD, recém-criado pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab. O DEM assumirá a Secretaria de Desenvolvimento Social.

Além do arranjo administrativo para garantir governabilidade, o gesto de Alckmin tem os pés nas disputas eleitorais de 2012 e 2014. À noite, Afif confirmou em nota a sua saída da secretaria.