Título: No Rio, população diminui na Lagoa
Autor: Motta, Cláudio ; Schmidt, Selma
Fonte: O Globo, 30/04/2011, O País, p. 16

Das RAs de áreas formais do Rio, a da Lagoa (inclui Jardim Botânico, Gávea, Ipanema e Leblon), aparece como a que perdeu mais população: 3,61%, entre 2000 e 2010. O chefe da unidade estadual do IBGE no Rio, estatístico Romualdo Rezende, encontra como principal explicação o fato de o lugar não ter mais espaço para onde crescer. O economista Sergio Besserman, ex-presidente do IBGE, chama atenção ainda para a baixa taxa de fecundidade da população dos bairros da região:

¿ Quanto mais escolaridade, menos filhos as pessoas têm ¿ diz ele, acrescentando que a juventude da Zona Sul está comprando e alugando imóveis na Barra, a preços mais baixos.

Embora tenha apartamento próprio, a presidente da Associação de Moradores da Fonte da Saudade, Ana Simas, já pensou em se mudar. No caso de Ana, o motivo é o alto custo de morar no bairro:

¿ Moro num prédio de 1952, sem garagem, e pago R$ 810 de condomínio. Não tenho supermercado perto e, quando vou à padaria pago cinco vezes mais pelos produtos.

Ex-moradora da Fonte da Saudade, uma psicologa de 87 anos, que se mudou para o Humaitá, está contente com a troca:

¿ Tenho piscina, play, salão de ginástica, garagem sem vaga presa e pago condomínio mais barato. Vejo o Corcovado e o Pão de Açúcar da janela e ainda tenho ônibus, comércio e bancos perto ¿ afirma ela, que pede para não ser identificada.

A RA da Penha registrou a maior perda de população (- 41%), mas a queda não tem valor estatístico, porque Vigário Geral passou a formar uma nova Região Administrativa. Já RAs como as de Copacabana, de Botafogo e da Tijuca seguiram a tendência de estabilidade da cidade, com pouca variação populacional.