Título: Concorrência segura alta de remédios
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Fonte: O Globo, 30/04/2011, Economia, p. 40

Um mês depois de autorizado o reajuste de até 6,01% em 24 mil medicamentos, as drogarias ainda não repassaram os aumentos de forma integral. Contudo, as famílias já sentem uma alta de 0,74% nos gastos da farmácia ¿ impacto que, segundo especialistas, será ampliado nas próximas semanas. O avanço nos preços só não é maior porque o setor ainda tem estoques antigos e tem forte concorrência ¿ o país tem mais farmácias do que escolas de nível médio. Para economizar mais, o consumidor precisa pesquisar os melhores preços no comércio de rua ou na internet. Levantamento do GLOBO em oito farmácias aponta que o mesmo medicamento pode custar quase o dobro em outra drogaria.

Na semana passada, a caixa com 12 comprimidos do antiinflamatório Scaflam custava R$14,82 na Pacheco, uma diferença de até 87,0% do preço máximo da tabela. O antialérgico Zyrtec (120 ml) custava R$26,31 na Droga Raia ¿ centavinhos a menos do que na Onofre (26,98) ou quase 22% mais barato do que na Drogasmil ou na Viva Mais. Já a Novalgina (20ml) sai por R$11,19 nas drogarias Extra ¿ 10% a menos do que na Droga Raia (R$12,49). A diferença de preços acontece porque, apesar da regulação feita pelo governo, muitas farmácias dão descontos sobre o valor máximo da tabela.

¿ O Grupo Pão de Açúcar se preparou para que o consumidor não sentisse o aumento do governo tão rapidamente ¿ conta Eduardo Adrião, gerente de drogarias do Grupo.

Segundo Mauro Pacanowski, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), os preços dos medicamentos, após a autorização dada pelo órgão regulador, sobem gradativamente. Ele lembra que a forte concorrência do setor e os estoques ajudam a atenuar os reajustes:

¿ Daí os descontos dados pelas farmácias. Mas o consumidor precisa procurar saber exatamente o valor do seu desconto e sobre que valor incide esse desconto. É que as pessoas nem sabem que existe um caderno onde estão os preços dos remédios.