Título: Novas vagas afzem a festa no Dia do Trabalho
Autor:
Fonte: O Globo, 29/04/2011, Rio, p. 19

Dados do Rio Como Vamos mostram que em 2010 houve a maior expansão do mercado formal da cidade na década

O Rio de Janeiro tem o que comemorar neste 1º de Maio: o ano de 2010 fechou com a maior expansão do mercado de trabalho formal da cidade na década. Levantamento do movimento Rio Como Vamos no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged/MTE) mostra que foram 106.476 novos postos, contra 84.186 de 2007, até então o melhor resultado. Com a proximidade da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, a tendência é de maior aceleração na geração de empregos. Só a área de hotelaria e restaurantes deve abrir cerca de 120 mil vagas nos próximos cinco anos. No entanto, deficiências na formação e a falta de qualificação dos candidatos às vagas ainda precisam ser superadas. Vencido esse desafio, o legado que os eventos poderão deixar na área do emprego será uma mão de obra mais bem preparada.

Mulheres ocupam cada vez mais as vagas abertas

Dados do RCV mostram que 64.464 novas vagas abertas em 2010 foram ocupadas por jovens de 18 a 24 anos. E entre os adolescentes empregados até 17 anos, idade em que sequer concluíram o ensino médio, 6.206 também assumiram novos postos. As mulheres ocupam cada vez mais as vagas abertas, o que comprova a necessidade de ampliação da oferta de creches para seus filhos. Em 2010 elas ocuparam 43% dos novos postos de trabalho, contra 33% em 2006.

Presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio (SindRio), Pedro de Lamare diz que o momento do setor é de entusiasmo, mas também de apreensão. Só em 2010 foram abertas 2.864 novas vagas e hoje são 16.302 empregados em hotelaria e 100.813 em gastronomia. O crescimento nos próximos anos será impulsionado pela inauguração, até 2013, de 17 hotéis e de filiais de grandes redes de restaurantes. O problema, diz ele, é que ainda não há mão de obra qualificada:

¿ Temos parceria com o programa UPP Social, da prefeitura, para capacitação em comunidades pacificadas. Mas, dos currículos que recolhemos, menos da metade dos candidatos tem o ensino médio completo.

Outra área que promete crescer nos próximos anos em função dos eventos é a construção civil. Depois de desacelerar nos dois últimos anos, o setor voltou a engrenar neste início de 2011, com mais de 2.500 novos postos de trabalho até fevereiro. E a tendência é de crescimento:

¿ O Maracanã tem 600 operários, e esse número deve triplicar em até três meses, para se cumprir o prazo. Há ainda a construção dos corredores viários Transcarioca e Transoeste (com 1.450 empregos gerados até agora), entre outras obras ¿ diz o diretor do Sindicato da Indústria da Construção Civil, Antônio Carlos Mendes Gomes.

A capacitação em construção civil fez diferença no currículo de Wanderlei Vila Sobrinho, de 28 anos. Ele vivia de bicos como ajudante de pedreiro e, em janeiro passado, após dois cursos no Senai na Cidade de Deus, conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada, como pintor industrial. Quem pretende se qualificar pode entrar em contato, por exemplo, com a Secretaria municipal de Trabalho e Emprego (cursos em áreas como call center, informática, alimentação e hotelaria, comércio), pelo telefone 2298-0659. Também há opções pelos programas Planteq (2332-6788) e Projovem (2332-6843), da Secretaria estadual de Trabalho e Renda; no Senai RJ (0800-0231231) e no SindRio (3231-6668 e 3231-6651).

Em 2010, a Secretaria municipal de Trabalho superou o número do ano anterior de encaminhamento para emprego dos qualificados em seus cursos. Dos 8 mil alunos formandos, 2.680 foram contratados. Para este ano, segundo o secretário Augusto Ribeiro, serão pelo menos 10.500 vagas em cursos, e outras 1.600 somente para comunidades com UPP.

Para o RCV, é importante saber agora se a oferta de cursos atende a um estudo de mercado que indique quais as demandas das empresas, diminuindo a não absorção dos já treinados. E também se o número de vagas é suficiente para os jovens que precisam ser preparados, evitando assim os riscos de desemprego ou de apagão de mão de obra qualificada.

A Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento do município também atingiu importantes metas, como a redução da taxa de desemprego, que fechou 2010 em 5,1%, o menor índice medido pelo IBGE desde 2007, e inferior à taxa média das regiões metropolitanas do Brasil. E o rendimento médio do trabalhador aumentou em quase 10% de 2009 para 2010.

Para o economista Marcelo Néri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, o Rio está no caminho certo:

¿ O Rio está fazendo o dever de casa, investindo em educação para colher o resultado a médio e longo prazos.