Título: Enchentes preocupam o COI
Autor: Magalhães, Luiz Ernesto; Lima, Ludmilla de
Fonte: O Globo, 29/04/2011, Rio, p. 16

Maracanã e Maracanãzinho ficaram isolados durante as chuvas de segunda-feira

As enchentes no Rio são motivo de preocupação para o Comitê Olímpico Internacional (COI). No coração da Grande Tijuca, uma das áreas mais atingidas pelas fortes chuvas de segunda-feira, duas instalações estratégicas para os Jogos Olímpicos de 2016 ficaram isoladas: o Maracanã, onde serão realizadas as cerimônias de abertura e encerramento e partidas de futebol; e o Maracanãzinho, palco tradicional de disputas de voleibol. Sem identificar o membro do COI que manifestou a preocupação, o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, disse ontem que o representante perguntou o que seria feito para resolver o problema:

- O governador Sérgio Cabral tranquilizou todo mundo, dizendo que os recursos para a obra já estão garantidos pelo governo federal e que o problema será solucionado - disse Lopes, após acompanhar a visita de integrantes do COI ao canteiro da Linha 4 do metrô, na Barra.

O caso do Maracanã foi o mais visível. Mas outras áreas olímpicas enfrentaram problemas com as últimas chuvas. O entorno da Quinta da Boa Vista servirá de estacionamento tanto para a Copa quanto para os Jogos de 2016. No estádio de São Januário, em São Cristóvão, serão realizadas as partidas de rúgbi.

Consultores do COI presenciaram chuva

As chuvas também alagaram o bairro da Saúde, perto de onde serão construídas as vilas de árbitros, mídia não credenciada e instalações de apoio. Com a Praça da Bandeira interditada, as opções para chegar ao Sambódromo (tiro com arco e chegada da competição da maratona) também ficaram limitadas. A Avenida Brasil, que sofreu com alagamentos, é caminho para o Complexo de Deodoro, onde serão disputadas sete modalidades.

De acordo com um integrante das equipes técnicas dos governos que acompanharam as reuniões do COI no Palácio Guanabara, o assunto foi discutido apenas de maneira informal. E não chegou a ser abordado nas reuniões de trabalho, quando foram feitas apresentações sobre os preparativos para os Jogos Olímpicos:

- A delegação do COI começou a chegar no domingo, apesar de as reuniões de trabalho terem ocorrido apenas no meio da semana . Sei que Philip Bovy (consultor do COI para transportes) foi um deles. Certamente ele viu de perto os efeitos do temporal - disse a fonte.

Da visita ao metrô participaram Bovy e o consultor do COI para instalações, Grant Thomas. Eles também conheceram os corredores de BRS (faixas exclusivas para Ônibus) implantados nas avenidas Barata Ribeiro e Nossa Senhora de Copacabana. Visitaram ainda o canteiro de obras do Transoeste, onde será implantada uma linha de BRT (corredor para ônibus articulados) que ligará a Barra a Campo Grande.

A visita do COI às obras do metrô foi a segunda em seis meses. Na primeira, em dezembro, apenas o túnel que servirá como galeria de serviços estava aberto. Passados seis meses, já foram escavados 430 metros da galeria principal. O governo do estado anunciou que, no fim do mês, iniciará uma visita guiada da população às obras.

A previsão é entregar as obras em 15 de dezembro de 2015 para testes operacionais. Mas não há garantias de que a estação da Gávea estará pronta a tempo. A operação com passageiros está prevista para maio de 2016, três meses antes dos Jogos.

Piscinões custarão R$292 milhões

As obras previstas pela prefeitura para resolver o histórico problema das enchentes na Praça da Bandeira e arredores estão orçadas em R$292 milhões e fazem parte do PAC-2, do governo federal. O objetivo é desviar parte da água que chega à Praça da Bandeira pelos rios durante as fortes chuvas. A proposta, elaborada pela Rio-Águas, tem duas vertentes. Uma é a transposição do Rio Joana, que passaria a desembocar na Baía de Guanabara, e não mais no Canal do Mangue. A outra é a construção de quatro reservatórios subterrâneos (piscinões) para a retenção da água dos rios e dos sistemas de drenagem.

O plano da prefeitura é começar as obras no segundo semestre deste ano, com duração de 18 meses, de modo que elas sejam concluídas a tempo da Copa de 2014. O subsecretário de Gestão de Bacias Hidrográficas (Rio-Águas), Mauro Duarte, diz que a prefeitura está perto de conseguir as verbas para a execução das obras. Os projetos já foram aprovados pelo Ministério das Cidades. O secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, diz que as propostas estão em análise na Caixa Econômica Federal (CEF). Os recursos do PAC-2 ainda não foram liberados para nenhum município.

- Hoje, toda a água que cai no Maciço da Tijuca vai para a Praça da Bandeira, para ser escoada pelo Canal do Mangue, que sofre a influência das marés. A área da Praça da Bandeira é um ponto mais baixo, e os rios correm para esse ponto. Quando há maré alta, o tempo de escoamento é menor - explica Mauro Duarte.