Título: Políticas terão foco de longo prazo
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 01/05/2011, Economia, p. 40

Urbanização de favelas e ações para juventude estão entre medidas

BRASÍLIA. Políticas sociais devem ser unificadas para terem escala e serem melhor gerenciadas. Esse é um dos princípios básicos no plano de longo prazo que está sendo desenhado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, que replica a fórmula do Bolsa Família. Essa recomendação será dada a todas as esferas que buscarem a assessoria do órgão. É o caso do Rio de Janeiro, cujo governo estadual tem mais de 100 programas focando apenas a juventude. Ou a própria União, que tem sete ministérios implementando políticas sociais.

Ações que visam à inclusão e à redução da desigualdade são a especialidade do economista Ricardo Paes de Barros, subscretário de Ações Estratégicas da SAE. E é com esta bagagem que ele afirma que o segredo do sucesso das políticas é ter objetivos e metas claros.

- Não estamos falando de políticas de resultado imediato, mas de trajetórias de longo prazo em que são pensados princípio, meio e fim - diz Paes de Barros.

- Ao recomendar programas de sucesso e realizar projetos-piloto como o que estamos fazendo no Rio, podemos oferecer boas políticas com custos já previstos - complementou o ministro da SAE, Moreira Franco.

Ele se refere à assessoria que a SAE está prestando à capital fluminense, que quer montar um programa inspirado no "Chile cresce contigo", de proteção integral à infância, com inclusão da família, cobrindo necessidades de educação, saúde e lazer.

- O que se quer é definir um protocolo e um calendário para as crianças, que funcione como a esteira dos Jetsons, onde você põe uma peça de roupa aqui, outra mais adiante, toma o café, tudo a seu tempo - explicou Paes de Barros, que passou três semanas no Chile para estudar de perto o "Cresce contigo".

A SAE gostaria ainda de levar para outras cidades a experiência de urbanização de favelas do Rio. Para Moreira e Paes de Barros, está comprovado que uma ocupação longa que melhore as condições locais é mais eficiente do que erguer grandes conjuntos habitacionais.

Sobre juventude, Moreira diz que o desafio é enorme. Dados da SAE mostram que 80% dos jovens que trabalham moram em favelas. Enquanto a parcela de jovens que não completou o ensino médio nas cidades é de 32%, esse número cresce para quase 70% entre aqueles que moram em favelas.

- Somos um país profunda e violentamente urbano. A pobreza se mostra de maneira mais brutal nas áreas urbanas. As políticas voltadas aos jovens devem vir acompanhadas de certos valores, que estão presentes na escola, no mérito do trabalho - diz Moreira. (Vivian Oswald)