Título: Eles não estão trabalhando com agropecuária
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 01/05/2011, O País, p. 10
Então o senhor não está recuando por ter sido convencido pela ciência.
ALDO: Não. A ciência me convenceu do contrário, que isso não faz sentido. Decidi porque acho que acordo é melhor do que briga, em certos casos.
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) dizem que não há fundamentação científica para diminuir a proteção.
ALDO: O documento diz que não há fundamentação científica para determinar essa metragem. De fato, a decisão não foi tomada com base em estudos técnicos e científicos, foi tomada com base na ideia de que 30 metros protegem o rio. Não é errada, porque é óbvio que se você adota medidas mais rígidas, protege mais. É tão óbvio quanto dizer que, se retirar todos os automóveis de circulação, vai diminuir o número de acidentes.
Ambientalistas argumentam que perdoar quem cometeu irregularidades passa um mau sinal de que quem cumpriu a lei saiu em desvantagem, já que vizinhos que cometeram ilegalidades não serão punidos.
ALDO: Essa lei ninguém cumpriu, tanto que foi suspensa por decreto presidencial. O que é ilegal hoje até antes de ontem era legal. O que vale, a ilegalidade de 2002 ou a legalidade de décadas anteriores de uso para esta prática? Por esta razão a lei tem que fazer um esforço de consolidação das áreas em uso, com restrições no que for pertinente. De fato há áreas de APP que vão ter que ser desocupadas.
Com relação à anistia a quem desmatou irregularmente até julho de 2008, a decisão é que infratores terão multas perdoadas se aderirem ao programa no qual repararão o dano. O programa é o Mais Ambiente, do governo federal, ou serão planos feitos pelos estados?
ALDO:O que ainda estamos conversando com o Ministério do Meio Ambiente é a possibilidade de programas múltiplos, desde que haja os mesmos padrões e mesmas exigências.
A ABC e a SBPC dizem que seriam necessários pelo menos dois anos para que o assunto fosse devidamente discutido. O senhor discorda?
ALDO: Não. Eles estão certos e são até modestos. Precisaria de mais tempo. Eles estão trabalhando com uma categoria diferente da minha, não estão preocupados com a legalização da agropecuária, que é minha preocupação. Estão trabalhando com a necessidade de estudos que estabeleçam zoneamento científico do território mostrando as terras mais vulneráveis e que merecem mais proteção.
oglobo.com.br/pais
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