Título: Beto emociona Dilma até hoje
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 01/05/2011, O País, p. 12

O ar sisudo desaparece e os olhos geralmente se enchem d"água quando a presidente da República, Dilma Rousseff, se refere publicamente a Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, da VAR-Palmares. No início do ano passado, quando Dilma assumiu a candidatura à sucessão de Lula, Beto foi um dos três ex-companheiros de militância que se foram "na flor da idade" lembrados no momento mais emocionado de seu discurso - "Beto, você ia adorar estar aqui conosco", disse ela.

O destino de Beto, após o desaparecimento no dia 15 de fevereiro de 1971, é uma incógnita. O projeto "Brasil Nunca Mais" registra que, quatro dias após sua prisão, a família recebeu uma carta escrita pelo próprio Carlos Alberto, na qual ele comunicava que, quando o documento chegasse ao seu destino, era sinal de que teria sido detido pelos órgãos de repressão e, em decorrência disso, todas as medidas necessárias à sua localização deveriam ser tomadas.

Em fevereiro, O GLOBO localizou um ex-militar que pode ter uma resposta. É o advogado Ubirajara Ribeiro de Souza, o Bira, de 74 anos, apontado como torturador da "Casa da Morte", cárcere da repressão em Petrópolis. Ele teria sido reconhecido por Beto, na época, porque ambos haviam jogado basquete juntos em Minas.

Ubirajara, porém, resiste em falar. Alegou ao jornal que estava à morte e reclamou de ter sido vítima de uma suposta delação. A OAB-RJ anunciou que abriria uma sindicância e chamaria o advogado para depor. Porém, a medida ainda não foi tomada.