Título: Pneumonia derruba Dilma
Autor: Abos, Márcia; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 02/05/2011, O País, p. 3

Com infecção no pulmão esquerdo, presidente faz bateria de exames no Sírio-Libanês

Com um foco de pneumonia no pulmão esquerdo, a presidente Dilma Rousseff passou o fim de semana sendo submetida a exames no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ela deixou o hospital ontem à tarde, mas continuou na capital paulista tomando antibióticos e mantendo repouso. Hoje, se estiver melhor, deverá voltar ao trabalho.

O diagnóstico de pneumonia foi feito na última quinta-feira pelos médicos do Palácio do Planalto, após uma radiografia, já que a presidente apresentava um quadro de forte gripe. O médico particular de Dilma, o cardiologista Roberto Kalil Filho, do Sírio-Libanês, decidiu ainda antecipar os exames de rotina - de sangue e tomografia - que estavam agendados para a próxima sexta-feira. Kalil pediu para que a presidente viajasse para São Paulo no sábado.

Na noite daquele mesmo dia, Dilma fez todos os exames e foi liberada. Ontem, ela voltou ao hospital para uma reavaliação e decidiu permanecer em São Paulo, em repouso. Segundo o médico, não havia necessidade de internação, pois tratava-se apenas "de um foco de pneumonia".

- Todos os exames tiveram ótimos resultados, tirando este quadro inicial de pneumonia, já diagnosticado em Brasília. Ela é saudável - informou o médico, que fez parte da equipe que tratou Dilma no ano passado, quando foi diagnosticado um câncer linfático na axila, tratado também no Sírio-Libanês. Em julho, os médicos disseram que ela estava curada.

Kalil disse que a presidente ia passar a noite em um hotel em São Paulo retornando hoje a Brasília, onde deverá manter uma rotina mais leve de trabalho nos próximos dias.

- É como uma gripe forte. Cada pessoa reage de uma maneira. Conforme se sinta melhor, pode retomar suas atividades normais - explicou o médico, acrescentando que o tratamento com antibióticos deve continuar pelos próximos 10 dias.

Sintomas após viagem à China

Dilma já apresentava sinais de gripe quando chegou da viagem de uma semana à China, no dia 17 de abril, segundo o Palácio do Planalto. Um assessor da presidente explicou ontem que a agenda no país asiático foi muito puxada, o que deixou Dilma um pouco debilitada no retorno ao Brasil. A curta semana de trabalho e o feriado da Semana Santa não foram suficientes para sua recuperação.

Quando a presidente tomou a vacina da gripe, na segunda-feira, dia 25, dando início à campanha nacional de vacinação contra a doença, ela já estava com sintomas de resfriado. Mas, no Planalto, a avaliação é que não havia restrição para ela tomar a vacina. Um ministro lembrou ontem que, durante a semana, Dilma "pegou muito ar-condicionado", o que ajudou na evolução do quadro para a "leve pneumonia". Os assessores reconhecem que é muito baixa a temperatura nos gabinetes e salões do Planalto.

Já sabendo do diagnóstico, a presidente cancelou na quinta e na sexta-feira sua participação no Fórum Econômico Mundial da América Latina, no Rio. A assessoria informou apenas que ela teria decidido cumprir agenda interna em Brasília. Sabia-se apenas que Dilma estava com uma gripe forte.

Ontem, até assessores próximos pareciam desconhecer a pneumonia da presidente. O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse, ao participar de ato do Primeiro de Maio da Força Sindical, que Dilma não fora porque estava gripada. Á tarde, na festa da CUT, ele repetiu a informação. Só no começo da noite, Carvalho disse ter conversado com o chefe de gabinete da presidente, Giles Azevedo, que lhe contou que a presidente estava com "uma pneumonia leve".

A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto não informou onde Dilma ficaria hospedada após deixar o Hospital Sírio-Libanês, na tarde de ontem, alegando que era uma agenda privada.

COLABOROU: Sergio Roxo